Sebastião Breguez
O livro no Brasil é um objeto de consumo da elite. Os estudos mostram que 74% da população nunca comprou um livro e 30% dos entrevistados de recente pesquisa declara que nunca leu uma obra. Mudar este quadro não é tarefa a curto prazo. Depende de ações governamentais (municipais, estaduais, federais), de atuação da sociedade civil e suas instituições populares para cobrar e exigir do governo a implementação de uma política pública para o setor e de um trabalho de motivação nas escolas para incentivar a leitura como algo agradável e útil. Também é importante o trabalho de Ongs que lutam pela democratização do livro como objeto popular de consumo e criam bibliotecas comunitárias.
O Brasil é um país com mais de 207 milhões de habitantes, segundo o IBGE. Mas o índice de leitura de livros e jornais ainda é bem pequeno. Um livro novo tem tiragem de cinco mil exemplares para um autor conhecido e menos de mil exemplares para autor pouco conhecido do público. Cinco mil ou mil exemplares é muito pouco para uma população de 200 milhões de pessoas. O mesmo acontece com os jornais. Em 1990, a FOLHA DE S.PAULO era o jornal mais lido no Brasil com tiragem aos domingos de um milhão de exemplares. Hoje a FOLHA tem tiragem de 300 mil exemplares. O índice de leitor diminuiu, em vez de crescer.
Alguns dizem que a cultura digital vai acabar com a cultura impressa. Se olharmos, por exemplo, o Japão, país da Ásia, hoje tem um desenvolvimento fantástico do mundo virtual, mas o índice de leitura de jornais e livros é um dos maiores do mundo. O que mostra que o virtual não extermina o analógico (no nosso caso o impresso). Assim, a realidade mostra que a leitura do impresso é hábito cultural e, portanto, não vai acabar como afirmam os apocalíticos.
Na Rússia, antiga União Soviética, o índice de leitura é alto. Mas os livros são produzidos com material inferior (papel mais barato e arte simples) para permitir um preço acessível para a maioria da população. Isto mostra que as editoras têm uma preocupação com o social e não com o lucro (mercadológica). O que não é caso do Brasil o onde o livro é trabalhado como produto de luxo: papel mais caro, muitas ilustrações coloridas e capa luxuosa para chamar a atenção do leitor. Também em Cuba, a preocupação dos produtores de livros é com o social e não com o lucro.
Alguns dizem que a cultura digital vai acabar com a cultura impressa. Se olharmos, por exemplo, o Japão, país da Ásia, hoje tem um desenvolvimento fantástico do mundo virtual, mas o índice de leitura de jornais e livros é um dos maiores do mundo. O que mostra que o virtual não extermina o analógico (no nosso caso o impresso). Assim, a realidade mostra que a leitura do impresso é hábito cultural e, portanto, não vai acabar como afirmam os apocalíticos.
Na Rússia, antiga União Soviética, o índice de leitura é alto. Mas os livros são produzidos com material inferior (papel mais barato e arte simples) para permitir um preço acessível para a maioria da população. Isto mostra que as editoras têm uma preocupação com o social e não com o lucro (mercadológica). O que não é caso do Brasil o onde o livro é trabalhado como produto de luxo: papel mais caro, muitas ilustrações coloridas e capa luxuosa para chamar a atenção do leitor. Também em Cuba, a preocupação dos produtores de livros é com o social e não com o lucro.
Mas a questão da leitura no Brasil é histórica. O brasileiro não tem tradição de ler livro e nem é costume enraizado na cultura nacional.Descoberto em 1500, começou a colonização alguns anos depois,em 1530. Os jesuítas trouxeram gráficas para imprimir a Bíblia e cartilhas de evangelização, principalmente dos índios. Mas o Marquês de Pombal (1759) determina a expulsão dos jesuítas e manda destruir suas máquinas impressoras.
No Brasil Colonial, o livro circulou clandestino. Somente quem teve oportunidade de estudar no exterior (Portugal ou outros países)tinham livros importados. Padres e eclesiásticos tinham suas bibliotecas, pois a igreja precisava da Bíblia e livros cristãos para seu trabalho de evangelização. Os revolucionários da Inconfidência Mineira de 1789 tinham livros do iluminismo francês como mostra o mineiro Eduardo Freiro em O Diabo na Livraria do Cônego, uma análise da biblioteca do cônego Luís Vieira da Silva, implicado na Inconfidência Mineira de 1789. Também fala-se de livreiros em Vila Rica (hoje Ouro Preto). O livro circulava na elite como objeto clandestino.
Com a vinda de D. João VI para o Brasil, ele trouxe a imprensa régia, com sua gráfica, para imprimir documentos oficiais e também o jornal oficial do rei. Napoleão Bonaparte invadiu Portugal, que sempre foi aliado da Inglaterra. O Rei para não ser preso, foge para o Brasil onde instala a sede do reinado de Portugal na cidade do Rio Janeiro. Com o ele vieram os eclesiásticos, os nobres e toda família real. Transformada, de repente, da noite para o dia, em capital do mundo lusitano, o Rio de Janeiro passa por um processo de urbanização e modernização de sua infraestrutura. Muda-se o cenário urbano com nova arquitetura e equipamentos socioculturais básicos como jardim botânico, hospital, teatro, museu, opera, biblioteca, áreas de lazer, sistema de abastecimento de água e esgoto.
D. João cria o primeiro jornal editado no Brasil. Ele manda o Frei Tibúrcio José da Rocha editar o jornal A GAZETA que circulava duas vezes por semana. D. João transforma o cenário urbano do Rio de Janeiro, constrói o Teatro Municipal, o Jardim Botânico e a Biblioteca Nacional. A partir daí o país recebe livros e passa a editar livros e incentivar a leitura no Brasil. O panorama cultural muda e o livro circula como mercadoria. A Colonização do Brasil, efetivamente, começa em 1808. Pois de 1500 a 1808, o país foi apenas uma espécie de quintal de Portugal que buscava aqui matérias primas, pedras preciosas e ouro. Nada mais. Não havia ações para o desenvolvimento do país.
A abertura dos portos revolucionou o comércio e as comunicações, foi uma abertura do Brasil para o Mundo, permitiu que cientistas, escritores, cronistas viajantes, jornalistas e comerciantes viessem ao Brasil. Cada um trouxe sua contribuição. Os livreiros também vieram para comercializar seu produto, o livro. Claro, para a elite alfabetizada que podia ler.
De acordo com a 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, desenvolvida em março de 2016 pelo Instituto Pró-Livro, mais da metade da população brasileira se considera leitora, porém apenas 4,96 livros são lidos por ano. Deste total, 2,43 foram terminados e 2,53 lidos em partes.
Lê-se mais em casa (81%), depois na sala de aula (25%), biblioteca (19%), trabalho (15%), transporte (11%), consultório e salão de beleza (8%) e em outros lugares menos expressivos. E lê-se mais livros digitais em cyber cafés e lan houses (42%) e no transporte (25%).
Aos não leitores, foi perguntado quais foram as razões para eles não terem lido nenhum livro inteiro ou em partes nos três meses anteriores à pesquisa. As respostas: falta de tempo (32%), não gosta de ler (28%), não tem paciência para ler (13%), prefere outras atividades (10%), dificuldades para ler (9%), sente-se muito cansado para ler (4%), não há bibliotecas por perto (2%), acha o preço de livro caro (2%), tem dinheiro para comprar (2%), não tem local onde comprar onde mora (1%), não tem um lugar apropriado para ler (1%), não tem acesso permanente à internet (1%), não sabe ler (20%), não sabe/não respondeu (1%).
A leitura ficou em 10º lugar quando o assunto é o que gosta de fazer no tempo livre. Perdeu para assistir televisão (73%), que, vale dizer, perdeu importância quando olhamos os outros anos da pesquisa: 2007 (77%) e 2011 (85%). Em segundo lugar, a preferência é por ouvir música (60%). Depois aparecem usar a internet (47%), reunir-se com amigos ou família ou sair com amigos (45%), assistir vídeos ou filmes em casa (44%), usar WhatsApp (43%), escrever (40%), usar Facebook, Twitter ou Instagram (35%), ler jornais, revistas ou noticias (24%), ler livros em papel ou livros digitais (24%) – mesmo índice de praticar esporte. Perdem para a leitura de um livro: desenhar, pintar, fazer artesanato ou trabalhos manuais (15%), ir a bares, restaurantes ou shows (14%), jogar games ou videogames (12%), ir ao cinema, teatro, concertos, museus ou exposições (6%), não fazer nada, descansar ou dormir (15%).
A principal forma de acesso ao livro é a compra em livraria física ou internet (43%). Depois aparecem presenteados (23%), emprestados de amigos e familiares (21%), emprestados de bibliotecas de escolas (18%), distribuídos pelo governo ou pelas escolas (9%), baixados da internet (9%), emprestados por bibliotecas públicas ou comunitárias (7%), emprestados em outros locais (5%), fotocopiados, xerocados ou digitalizados (5%), não sabe/não respondeu (7%).
A livraria física é o local preferido dos entrevistados para comprar livros (44%), seguida por bancas de jornal e revista (19%), livrarias online (15%), igrejas e outros espaços religiosos (9%), sebos (8%), escola (7%), supermercados ou lojas de departamentos (7%), bienais ou feiras de livros (6%), na rua, com vendedores ambulantes (5%), outros sites da internet (4%), em casa ou no local de trabalho, com vendedores “porta a porta” (3%), outros locais (6%) e não sabe/não respondeu (7%). O preço é o que define o local da compra para 42% dos entrevistados. Na pesquisa anterior, isso valia para 49%.
No Brasil Colonial, o livro circulou clandestino. Somente quem teve oportunidade de estudar no exterior (Portugal ou outros países)tinham livros importados. Padres e eclesiásticos tinham suas bibliotecas, pois a igreja precisava da Bíblia e livros cristãos para seu trabalho de evangelização. Os revolucionários da Inconfidência Mineira de 1789 tinham livros do iluminismo francês como mostra o mineiro Eduardo Freiro em O Diabo na Livraria do Cônego, uma análise da biblioteca do cônego Luís Vieira da Silva, implicado na Inconfidência Mineira de 1789. Também fala-se de livreiros em Vila Rica (hoje Ouro Preto). O livro circulava na elite como objeto clandestino.
Com a vinda de D. João VI para o Brasil, ele trouxe a imprensa régia, com sua gráfica, para imprimir documentos oficiais e também o jornal oficial do rei. Napoleão Bonaparte invadiu Portugal, que sempre foi aliado da Inglaterra. O Rei para não ser preso, foge para o Brasil onde instala a sede do reinado de Portugal na cidade do Rio Janeiro. Com o ele vieram os eclesiásticos, os nobres e toda família real. Transformada, de repente, da noite para o dia, em capital do mundo lusitano, o Rio de Janeiro passa por um processo de urbanização e modernização de sua infraestrutura. Muda-se o cenário urbano com nova arquitetura e equipamentos socioculturais básicos como jardim botânico, hospital, teatro, museu, opera, biblioteca, áreas de lazer, sistema de abastecimento de água e esgoto.
D. João cria o primeiro jornal editado no Brasil. Ele manda o Frei Tibúrcio José da Rocha editar o jornal A GAZETA que circulava duas vezes por semana. D. João transforma o cenário urbano do Rio de Janeiro, constrói o Teatro Municipal, o Jardim Botânico e a Biblioteca Nacional. A partir daí o país recebe livros e passa a editar livros e incentivar a leitura no Brasil. O panorama cultural muda e o livro circula como mercadoria. A Colonização do Brasil, efetivamente, começa em 1808. Pois de 1500 a 1808, o país foi apenas uma espécie de quintal de Portugal que buscava aqui matérias primas, pedras preciosas e ouro. Nada mais. Não havia ações para o desenvolvimento do país.
A abertura dos portos revolucionou o comércio e as comunicações, foi uma abertura do Brasil para o Mundo, permitiu que cientistas, escritores, cronistas viajantes, jornalistas e comerciantes viessem ao Brasil. Cada um trouxe sua contribuição. Os livreiros também vieram para comercializar seu produto, o livro. Claro, para a elite alfabetizada que podia ler.
De acordo com a 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, desenvolvida em março de 2016 pelo Instituto Pró-Livro, mais da metade da população brasileira se considera leitora, porém apenas 4,96 livros são lidos por ano. Deste total, 2,43 foram terminados e 2,53 lidos em partes.
Lê-se mais em casa (81%), depois na sala de aula (25%), biblioteca (19%), trabalho (15%), transporte (11%), consultório e salão de beleza (8%) e em outros lugares menos expressivos. E lê-se mais livros digitais em cyber cafés e lan houses (42%) e no transporte (25%).
Aos não leitores, foi perguntado quais foram as razões para eles não terem lido nenhum livro inteiro ou em partes nos três meses anteriores à pesquisa. As respostas: falta de tempo (32%), não gosta de ler (28%), não tem paciência para ler (13%), prefere outras atividades (10%), dificuldades para ler (9%), sente-se muito cansado para ler (4%), não há bibliotecas por perto (2%), acha o preço de livro caro (2%), tem dinheiro para comprar (2%), não tem local onde comprar onde mora (1%), não tem um lugar apropriado para ler (1%), não tem acesso permanente à internet (1%), não sabe ler (20%), não sabe/não respondeu (1%).
A leitura ficou em 10º lugar quando o assunto é o que gosta de fazer no tempo livre. Perdeu para assistir televisão (73%), que, vale dizer, perdeu importância quando olhamos os outros anos da pesquisa: 2007 (77%) e 2011 (85%). Em segundo lugar, a preferência é por ouvir música (60%). Depois aparecem usar a internet (47%), reunir-se com amigos ou família ou sair com amigos (45%), assistir vídeos ou filmes em casa (44%), usar WhatsApp (43%), escrever (40%), usar Facebook, Twitter ou Instagram (35%), ler jornais, revistas ou noticias (24%), ler livros em papel ou livros digitais (24%) – mesmo índice de praticar esporte. Perdem para a leitura de um livro: desenhar, pintar, fazer artesanato ou trabalhos manuais (15%), ir a bares, restaurantes ou shows (14%), jogar games ou videogames (12%), ir ao cinema, teatro, concertos, museus ou exposições (6%), não fazer nada, descansar ou dormir (15%).
A principal forma de acesso ao livro é a compra em livraria física ou internet (43%). Depois aparecem presenteados (23%), emprestados de amigos e familiares (21%), emprestados de bibliotecas de escolas (18%), distribuídos pelo governo ou pelas escolas (9%), baixados da internet (9%), emprestados por bibliotecas públicas ou comunitárias (7%), emprestados em outros locais (5%), fotocopiados, xerocados ou digitalizados (5%), não sabe/não respondeu (7%).
A livraria física é o local preferido dos entrevistados para comprar livros (44%), seguida por bancas de jornal e revista (19%), livrarias online (15%), igrejas e outros espaços religiosos (9%), sebos (8%), escola (7%), supermercados ou lojas de departamentos (7%), bienais ou feiras de livros (6%), na rua, com vendedores ambulantes (5%), outros sites da internet (4%), em casa ou no local de trabalho, com vendedores “porta a porta” (3%), outros locais (6%) e não sabe/não respondeu (7%). O preço é o que define o local da compra para 42% dos entrevistados. Na pesquisa anterior, isso valia para 49%.
A pesquisa considera que é leitor quem leu, inteiro ou em partes, pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses. No entanto, os estudos mostram que 74% da população nunca comprou um livro e 30% dos entrevistados nunca leram uma obra.
Entre as principais motivações para a leitura estão gosto (25%), atualização cultural (19%), distração (15%), motivos religiosos (11%), crescimento pessoal (10%), exigência escolar (7%), atualização profissional ou exigência do trabalho (7%).
A Bíblia é o livro mais lido em qualquer grau de escolaridade. Outros títulos que foram citados como mais recorrentes foram: A Culpa É Das Estrelas, A Cabana, O Pequeno Príncipe, Cinquenta Tons de Cinza, Diário de um Banana, Crepúsculo, Harry Potter e Dom Casmurro.
Apesar de tudo, o número de leitores de livros no Brasil tem evoluído, mas muito lentamente. Se em 2011 eles representavam 50% da população, em 2015 eles são 56%. Mas ainda é pouco. O índice de leitura, apesar de ligeira melhora, indica que o brasileiro lê apenas 4,96 livros por ano – desses, 0,94 são indicados pela escola e 2,88 lidos por vontade própria. Do total de livros lidos, 2,43 foram terminados e 2,53 lidos em partes. A média anterior era de 4 livros lidos por ano.
A pesquisa perguntou a professores qual tinha sido o último livro que leram e 50% respondeu nenhum e 22%, a Bíblia. Outros títulos citados: Esperança, O Monge e o Executivo, Amor nos tempos do cólera, Bom dia Espírito Santo, Livro dos sonhos, Menino brilhante, O símbolo perdido, Nosso lar, Nunca desista dos seus sonhos e Fisiologia do exercício. Entre os 7 autores mais lembrados, Augusto Cury, Chico Xavier, Gabriel Garcia Márquez, Paulo Freire, Benny Hinn, Ernest W. Maglischo e Içami Tiba.
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