quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

TRUMP E NOVA ORDEM MUNDIAL


RELAÇÕES INTERNACIONAIS 2017

TRUMP E O DESENHO DE UMA NOVA ORDEM MUNDIAL



Crise econômica, desemprego, falência de empresas, queda excessiva nas vendas nacionais e internacionais, migração, terrorismo. Todos estes fatores juntos estão contribuindo para a criação de uma Nova Ordem Mundial. Voltam à cena nacionalismo, protecionismo, isolacionismo e um rígido controle de imigração.

O Brexit, a vitória de Trump e aumento de movimentos de extrema direita na Europa, como Jean-Marie Le Pen na França, representam, o fim da globalização, tal como a conhecemos desde os anos 1990. A globalização ou mundialização foi um processo de integração econômica, social e política do mundo. Foi impulsionada pela comunicação e redução de custos dos meios de transporte. Além disto, os desafios ambientais, como as mudanças climáticas, poluição do ar e excesso de pesca no oceano, estão ligadas à globalização.

A globalização foi uma expansão muito forte na livre circulação de produtos e mão-de-obra. Um processo que se iniciou nos Estados Unidos de Reagan e no Reino Unido de Thatcher e, por isto mesmo, se rompe nestes dois polos do poder econômico, político e militar.

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É como se as potências tivessem se cansado de seus imigrantes. Passaram a ver neles obstáculos à sua retomada econômica.

Acrescente-se aí a questão do terrorismo. Nestes dias de hoje, imigrantes se tornaram suspeitos preferenciais de terror, seja nos Estados Unidos, seja no Reino Unido.

São, por tudo isso, amplamente indesejáveis.

Tudo isso resultou em Trump, nos Estados Unidos, e no Brexit, na Inglaterra.

Ainda é cedo para falar nas consequências para o Brasil. Uma queda brusca nas exportações, que tanto contribuíram para o crescimento do país nas últimas décadas, é previsível.

Uma nova Ordem Mundial está se formando. Na nova ordem, voltaremos presumivelmente à condição de coadjuvantes que sempre nos coube — excetuados aí os anos de Lula, em que a voz do Brasil foi ouvida como nunca antes.

O certo é que o sonho de um mundo globalizado, quase fraternal, ruiu espetacularmente com a vitória de Trump.

Após o Brexit, a vitória do republicano Donald Trump nos Estados Unidos, a maior economia mundial, é uma nova mensagem dos “esquecidos da globalização” as suas elites contra os controversos acordos de livre comércio.


“A economia mundial atravessa dificuldades e os que sofrem por isso têm a impressão de que a globalização é a responsável”, reagiu o economista japonês Seiji Katsurahata após a vitória de Trump, que seduziu os eleitores americanos com um discurso virulento contra o livre comércio.


“Os ideais da globalização se apagaram com o enfraquecimento da economia mundial” após a crise de 2008, acrescentou à AFP este especialista do Dai-ichi Life Research Institute.


“O sentimento geral, sobretudo o das classes populares, é que fazem com que elas paguem o preço da globalização”, explicou há pouco tempo o economista francês Thomas Pikkety à AFP.


Uma opinião pública que se sentiu cada vez mais vulnerável diante de acordos negociados na sombra. “Há uma percepção muito clara, e penso que é verdadeira, de que estes acordos comerciais são concebidos para os interesses dos grandes grupos”, explicou o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, durante uma visita recente a Paris.


E estas pessoas, cansadas dos fechamentos de fábricas, de seus problemas financeiros, e irritadas com os discursos dos líderes políticos e econômicos sobre a necessidade de liberalizar cada vez mais o comércio, querem que as coisas mudem.

Para surpresa das elites, o Brexit ganhou em junho e, em novembro, Donald Trump foi eleito presidente.


O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou em sua reunião de outubro sobre a necessidade de integrar “todos o mundo, e não apenas alguns” na globalização.


Durante a última cúpula do G20, em setembro, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que os chefes de Estado dos países mais poderosos do mundo estavam determinados a “responder às críticas populistas e fáceis contra a globalização”.


Mas sua mensagem não surtiu efeito. A rival de Trump, a democrata Hillary Clinton, também tentou aproveitar a onda de descontentamento durante sua campanha, dando uma guinada de 180 graus depois de ter apoiado em 2012 a controversa Associação Transpacífica (TPP).


Acordos de livre comércio prejudicados


A vitória de Trump ocorre num momento em que os acordos comerciais estão em perigo. A França pediu para suspender as negociações sobre o Tratado Transatlântico de Livre Comércio (TTIP ou Tafta) entre a União Europeia e os Estados Unidos.


E o acordo assinado entre Canadá e UE (CETA) precisou ser validado após uma forte pressão dos líderes europeus para que a Valônia, a região francófona da Bélgica, assinasse o texto ao qual se opunha.


A alguns meses de eleições cruciais na França e na Alemanha, Paris enviou na terça-feira uma série de propostas a Bruxelas para que as negociações destes acordos sejam mais democráticas e transparentes.


“Não haverá futuro europeu se não houver uma democracia extremamente forte”, avisou o secretário de Estado francês, Matthias Fekl, que lembrou que “a Europa está ameaçada por tentações e tendências muito perigosas em seu seio”, em referência ao avanço dos partidos populistas.


Após a vitória de Trump, os mercados aguardam suas primeiras medidas. “Prevemos que Trump começará a designar a China como uma manipuladora de divisas e que apresentará muitas denúncias contra a OMC”, disse Paul Ashworth, o chefe economista do instituto Capital Economics.


“Também insistirá para renegociar o Alena (acordo de livre comércio da América do Norte)”, que entrou em vigor há mais de 20 anos sob a presidência de Bill Clinton e inclui México, Canadá e Estados Unidos.


O diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevedo, reagiu rapidamente e se declarou “disposto” a trabalhar com Trump.


“Está claro que muitos pensam que o comércio não funciona para eles, devemos nos preocupar com isso e assegurar que o comércio aporte o maior número de benefícios ao maior número de pessoas”, afirmou.








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