quarta-feira, 27 de setembro de 2017

AGOSTO, MÊS DE FOLCLORE

AGOSTO, MÊS DE FOLCLORE

Sebastião Breguez



O mês de agosto é comemorado, em todo o mundo, como o mês do folclore. Por sugestão e iniciativa da UNESCO – uma das organizações governamentais surgidas a partir da ONU, no final da Segunda Guerra Mundial, para atuar na área de Educação e Cultura, com sede em Paris, instituiu-se o 22 de agosto como o Dia Internacional do Folclore. Assim, em todos os países há sempre atividades relativas ao folclore não só neste dia, como em todo o mês de agosto. A razão é simples. Foi a 22 de agosto de 1846 que o estudioso inglês Willian John Thomas, com o pseudônimo de Ambrose Merton, publicou um artigo na revista inglesa The Athenuun, utilizando pela primeira vez a palavra folkclore. Ele criou a palavra juntando duas raízes saxônicas: lore=conhecimento, cultura e folk=povo, e a usou para designar antiguidades populares. A partir daí a palavra ficou conhecida no meio literário e acadêmico e passou a integrar o vocabulário de escritores, sociólogos e antropólogos e é usada até hoje para designar a cultura do povo, cultura popular.

A iniciativa da UNESCO de transformar o dia 22 de agosto como o Dia Internacional do Folclore foi bem aceita no mundo inteiro. Primeiro por que a cultura popular tem base nas raízes culturais de todos os povos e culturas. Depois por que, ao preservar o folclore, estamos preservando as nossas raízes. Quando a UNESCO tomou esta iniciativa de divulgar e lutar pela preservação do folclore de todos os países, nos anos 50, não sabia que décadas depois, a grande parte da produção científica internacional estaria tratando dos problemas da mídia, da globalização e da perda de identidade cultural. Ou seja, a investida pela modernização – base do discurso dos países ricos ou do Primeiro Mundo para os países pobres ou do Terceiro Mundo - poderia trazer problemas com a perda de identidade cultural, perda de referência das raízes culturais e os problemas sociopsicológicos decorrentes.


Hoje, por exemplo, vemos que, ao mesmo tempo que o mundo se integra num processo de fusão de mercados, circulação de produtos e serviços – que chamamos de globalização – há uma retomada muito forte pela preservação das culturas regionais. Já era esta a preocupação da UNESCO nos anos 1950.

Dessa forma, o mês de agosto acabou transformando-se no mês da luta pela preservação das raízes culturais, dos costumes, enfim, do folclore. Desde o governo JK, o Brasil instituiu o 22 de agosto como Dia Nacional do Folclore. E através da UNESCO foram criadas as Comissões Estaduais de Folclore e também a CNDF-Campanha Nacional de Defesa do Folclore, hoje, Instituto Nacional do Folclore. Cabe a estas Comissões de Folclore organizar comemorações, debates, palestras, cursos e pesquisas sobre os diversos aspectos do folclore nacional.

Hoje entende-se por folclore um conjunto de modos de pensar, sentir e agir que são peculiares, como bem expressou o estudioso Édson Carneiro, às camadas populares das sociedades civilizadas. O folclore, assim, abarca toda a vida popular e estende a todas as suas atividades. Provérbios e adivinhas, as rondas infantis, as danças, os autos populares como o samba, o cateretê, as congadas e o bumba-meu-boi, a medicina das mezinhas e dos excretos, a vestimenta do vaqueiro e do gaúcho, a cerâmica e a renda dos bilros, costumes rurais como o mutirão, as estórias, as lendas, a arte de construção dos mocambos e casas de sapê, as superstições – tudo isto se insere no contexto do folclore. Estes aspectos da vida popular nem sempre são uma criação do meio em que movimenta o povo, mas embora de origem erudita ou semierudita, são aceitos e integrados pelo povo em sua vida cotidiana.

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