Por SEBASTIÃO BREGUEZ
Hoje, dia 31 de outubro, é dia do Saci Pererê. A data homenageia o Saci-Pererê, (mesma data Dia das Bruxas - Halloween) o Saci é a figura mitológica típica do imaginário brasileiro.
Saci (ou mais especificamente Saci-pererê, Saci-saçurá ou Saci-trique) é uma personagem bastante conhecida do folclore brasileiro, que teve sua origem presumida entre os indígenas da região das Missões, no Sul do país, por onde se espalhou em sua quase totalidade.
O Saci é um mito típico brasileiro que tem origem nos índios que são os habitantes naturais destas terras apossados pelos portugueses em 1500. Está relacionado com a floresta, a vida natural, a beleza e a preservação do meio ambiente. Ele uma figurinha buliçosa que tem sua origem nas lendas dos povos originários, como guardião das generosas florestas que garantiam a vida plena das gentes. Na verdade, é um demônio das florestas, uma espécie de Exu nativo que toma conta da natureza e vela por sua preservação.
Com o processo da colonização e a vinda do africano, como força de trabalho, no período colonial, o menino guardião foi agregando novos contornos. Ficou negro, perdeu uma perna e ganhou um barrete vermelho na cabeça, símbolo da liberdade. Leva na boca um cachimbo (o petyngua), muito usado pelos mais velhos nas comunidades indígenas. Sua missão no mundo é brincar, ideia muito próxima do mito fundador de quase todas as etnias de que o mundo é um grande jardim. Ele protege as florestas e meio ambiente contra a invasão e a degradação.
O 31 de outubro, assim, foi instituído DIA NACIONAL DO SACI com o objetivo de reviver as lendas e mitos do povo brasileiro. Com atividades nas ruas, as gentes discutem a necessidade da libertação -coisa própria do Saci – das práticas culturais colonizadas. Ao trazer para o conhecimento público figuras como o Saci, o Caipora, o Boitatá, o Curupira, a Mula Sem Cabeça, todos personagens do imaginário popular, busca-se, na brincadeira que é próprias destes personagens mitológicos, incutir um sentimento nacional, de brasilidade, de reverência pela cultura autóctone. Não como sectária diferença, mas como afirmação das nossas raízes.
Em Florianópolis, quem iniciou esta ideia foi o Sindicato dos Trabalhadores da UFSC, que decidiu instituir o 31 de outubro como o Dia do Saci e seus amigos. Assim, neste dia, durante vários anos, os mitos da nossa gente invadiam as ruas, não para pedir guloseimas, mas para celebrar a vida. Tendo como personagem principal o Saci, o sindicato discutia a necessidade de valorizarmos aquilo que é nosso, que tem raiz encravada nas origens do nosso povo. Mas, agora, sob outra direção, que não conspira com estas idéias de nacionalismo cultural, o Saci não vai sair com a pompa usual.
Mas, não tem problema, porque ainda assim, prenunciando seu dia, por toda a cidade, se ouvirão os loucos estalos nos pés de bambu. É porque dali saem, às carreiras, todos os Sacis que estavam dormindo, esperando a hora de brincar com as gentes. Redemoinhos, ventanias, correrias e muito riso. Isso é o Saci, moleque danado, guardião da floresta, protetor da natureza. Ele vem, com seus amigos, encantar o povo, fazer com que percebam que é preciso cuidar da nossa grande casa. Não virá pela mão do Sintufsc, mas pelo coração dos homens, mulheres e crianças que estão sempre em luta contra as maldades do mundo. O Saci é protetor da natureza e vai se unir a todos nós, os que batalham contra os vilões do amor. Ah Saci, eu vou te esperar… Que venhas com o vento sul…
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