AS
MARCHINHAS DE CARNAVAL COMO EXPRESSÃO FOLKCOMUNICACIONAL
Prof. Dr. Sebastião
Breguez
Folkcomunicação é uma teoria criada, na década de 1960, pelo
pernambucano Luiz Beltrão, criador das Ciências da Comunicação, no Brasil, para
designar os estudos dos processos comunicacionais populares nas sociedades em
processo de desenvolvimento. Ela engloba duas ciências, a Comunicação e a
Antropologia. Ela estuda como se dá esta comunicação entre o popular, o erudito
e a comunicação de massa. Na verdade, a Folkcomunicação é a primeira teoria
brasileira da Comunicação que mostra que os processos reais (verdadeiros) da
comunicação popular no Brasil não se articulam na Mídia (jornal, revista, rádio,
TV). As marchinhas de Carnaval são verdadeiras pérolas do processo
folkcomunicacional do povo brasileiro. Elas representam a crítica social e o
protesto popular contra o sistema político-econômico vigente no País. Criticam
as instituições e personagens do mundo político, econômico, esportivo, enfim,
da vida pública nacional. Nada escapa ao julgamento popular na forma de
deboche, riso, brincadeira e sátira.
Marchinha de
Carnaval é um gênero de música popular que predomina no carnaval brasileiro desde
o final do século XIX. A primeira marcha foi a composição de 1899 de Chiquinha
Gonzaga, intitulada Ó Abre Alas, feita para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro.
Elas fazem parte fundamental do carnaval brasileiro. Elas fazem parte do
jeitinho brasileiro de comunicação e expressão que denominados Folkcomunicação.
Ali está presente a crítica social e política, informalidade, a criatividade, a
malícia, a gozação, a sensualidade, a safadeza e irreverencia que são traços
característicos da comunicação popular. Na marchinha a crítica social é
exercida de maneira clara e ostensiva.
O Carnaval, festa do riso e do
deboche, é época em que as pessoas ampliam sua capacidade de comunicação e
expressão para interagir o máximo nos três dias de folia. Mudam-se as
identidades e papéis sociais da vida cotidiana. O povo debocha e ri de tudo. Fantasia
a realidade do dia-a-dia. Mostra que o jeitinho brasileiro de comunicar é muito
criativo e cheio de riqueza ímpar na imaginação popular. Através das
marchinhas populares, é o momento em que o povo exerce a sua função de Juiz, e
julga e faz sua crítica social à sua maneira bem peculiar. Sempre há um
personagem impopular para ser julgado.
Nos dois últimos carnavais (2016-17), o deboche e a
crítica social se concentrou na classe política. Esta marca se manifesta nas
músicas de Carnaval ou sambas enredo ou marchinhas carnavalescas. O deboche e a
crítica social deste ano se concentrou nos políticos. Lula (PT) ganhou uma
marchinha este ano – Papa Luís 51. No ano passado teve marchinha do Aécio Neves
(PSDB) com o Helicoca. Vejamos o cardápio de 2016: “Como Dilma soca soca”,
“Alcunha”, “Prefeito libera o cooler”, “Adeus em ritmo de lavajato”, “Continha
na Suiça”, “Eles tão metendo a mão”, “Marchinha do Pixuleco”, “O japonês da
Federal”, “Quem tem Cunha tem medo”, “Mandioca pra presidenta” e outras. Isto é
o espírito típico do jeitinho brasileiro de comunicar, que se baseia no riso,
no deboche, na crítica social, uso de imaginação e fantasia sem limite.
Em 2016, por exemplo, Eduardo Cunha foi um dos mais presentes nas máscaras e nos bonecos de Judas. Este ano a figura de Michel Temer lidera as manifestações. Mas tem outros e muitos. Basta acompanhar a divulgação das listas de Fachin, Janot ou da planilha da Oderbrecht. Os jornais mostram no noticiário a bandidagem que aparece, com lugar para presidentes, governadores, senadores, deputados, dirigentes de estatais, empresários poderosos e tantos e tantos outros. Provavelmente na História do Brasil nunca tenha existido uma quantidade tão grande de celebridades impopulares à disponibilidade para a execração popular.
Em 2017, o tom das marchinhas
de carnaval focou Temer, Dória e Lava Jato. Políticos mais uma vez não escapam
das canetas afiadas dos compositores da folia. Por sua aparência, Temer é
personagem da marchinha “Presidento Transilvânia”, que se mudou para “uma
capital onde o terreno é fértil para o mal”. O tema é iniciado com a marcha
fúnebre e a letra diz que ele buscou no cemitério os integrantes de seu
ministério. Na marchinha, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) é colocada como
“vítima inocente”. “Difícil não temer, o terror está no ar”, “vai buscar alho”,
recomenda.
Se formos ver os sambas enredo do passado, encontramos muitas marchinhas que se adaptam à realidade social brasileira. Vejamos, por exemplo: “Máscara Negra” ( Tanto riso, tanto alegria, mais de mil palhaços no salão)não ficaria bem na voz do povo brasileiro. E os milhares áulicos sempre elogiando e enredando os poderosos não poderiam cantar em uníssono, o “Cordão dos Puxa Sacos” ( dando vivas aos seus maiorais. A “Aurora” (Se você fosse sincera) teria na presidente uma intérprete maravilhosa enquanto a turma que está nas tetas do governo estaria muito bem representada no “Mamãe, eu quero “ (Mamãe, eu quero mamar, me da a chupeta) num autêntico “mamanoduto”. Os trabalhadores, estes, coitados, teriam que cantar o “Falta um zero no meu ordenado” ( Trabalho como um louco, mas ganho muito pouco, por isso eu vivo sempre atrapalhado).
A turma da Lava Jato,o ex-presidente Lula e outros possuem a sua marchinha-hino, ´”A água lava tudo”( A água lava lava tudo, a água só na lava a língua desta gente”.. Será que a “Máscara da Face” (...deixou cair a máscara da face)não caberia bem na voz do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral”. Claro que os mensaleiros e e os engajados nas propinas da Petrobrás também poderiam cantar o velha “Me dá um dinheiro aí” ( ...não vai dar, não vai dar, você vai ver a grande confusão) E põe confusão nisso, quase acabaram com a Petrobrás”. Ainda para Dilma e sobrando mais ainda para Eduardo Cunha a eterna “Daqui não saio “ ( ...daqui ninguém me tira...)
Para os “delatores” a eterna “Se a lua contasse” ( Se a lua contasse tudo que vê de mim e de você muito teria o que contar). O presidente do Senado, Renan Calheiros cantaria bem o “Nega Maluca” (Tava jogando sinuca, uma nega maluca me apareceu, trazendo um filho no colo, dizendo que o filho era meu) enquanto o ex-presidente Lula seria um bom intérprete para “Laranja Madura” (Você diz que me dá cama e comida, boa vida e dinheiro prá gastar. O que que há, tanta maldade faz até desconficar). Senadores e deputados citados ou por citar na Lava Jato poderiam formar um coro e cantar a “Fica quem Pode” (Quero ver quem fica, quero ver quem sai, quero ver quem fica, quero ver quem cai). Ainda tem outras e a lista poderia ter sido maior.
Se formos ver os sambas enredo do passado, encontramos muitas marchinhas que se adaptam à realidade social brasileira. Vejamos, por exemplo: “Máscara Negra” ( Tanto riso, tanto alegria, mais de mil palhaços no salão)não ficaria bem na voz do povo brasileiro. E os milhares áulicos sempre elogiando e enredando os poderosos não poderiam cantar em uníssono, o “Cordão dos Puxa Sacos” ( dando vivas aos seus maiorais. A “Aurora” (Se você fosse sincera) teria na presidente uma intérprete maravilhosa enquanto a turma que está nas tetas do governo estaria muito bem representada no “Mamãe, eu quero “ (Mamãe, eu quero mamar, me da a chupeta) num autêntico “mamanoduto”. Os trabalhadores, estes, coitados, teriam que cantar o “Falta um zero no meu ordenado” ( Trabalho como um louco, mas ganho muito pouco, por isso eu vivo sempre atrapalhado).
A turma da Lava Jato,o ex-presidente Lula e outros possuem a sua marchinha-hino, ´”A água lava tudo”( A água lava lava tudo, a água só na lava a língua desta gente”.. Será que a “Máscara da Face” (...deixou cair a máscara da face)não caberia bem na voz do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral”. Claro que os mensaleiros e e os engajados nas propinas da Petrobrás também poderiam cantar o velha “Me dá um dinheiro aí” ( ...não vai dar, não vai dar, você vai ver a grande confusão) E põe confusão nisso, quase acabaram com a Petrobrás”. Ainda para Dilma e sobrando mais ainda para Eduardo Cunha a eterna “Daqui não saio “ ( ...daqui ninguém me tira...)
Para os “delatores” a eterna “Se a lua contasse” ( Se a lua contasse tudo que vê de mim e de você muito teria o que contar). O presidente do Senado, Renan Calheiros cantaria bem o “Nega Maluca” (Tava jogando sinuca, uma nega maluca me apareceu, trazendo um filho no colo, dizendo que o filho era meu) enquanto o ex-presidente Lula seria um bom intérprete para “Laranja Madura” (Você diz que me dá cama e comida, boa vida e dinheiro prá gastar. O que que há, tanta maldade faz até desconficar). Senadores e deputados citados ou por citar na Lava Jato poderiam formar um coro e cantar a “Fica quem Pode” (Quero ver quem fica, quero ver quem sai, quero ver quem fica, quero ver quem cai). Ainda tem outras e a lista poderia ter sido maior.
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