EM VESPASIANO, MG
MUSEU DE FOLCLORE SAUL MARTINS
Pesquisadores, folcloristas e estudantes realizam uma visita guiada ao MUSEU DE FOLCLORE SAUL MARTINS. Foi na última quinta-feira. A visita fez parte da programação oficial da Comissão Mineira de Folclore e o Centro de Tradições Mineiras/Secretaria de Estado da Cultura. A diretoria da Comissão Mineira de Folclore (CMFL) esteve participando do evento e propondo novas parcerias e atividades culturais.
Museu de Folclore Saul Martins, em Vespasiano
POR SEBASTIÃO BREGUEZ
VESPASIANO (MG) - Localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, a 28 quilômetros da capital, Vespasiano é cidade industrial, situada na Zona Metalúrgica, mas tem intensa atividade cultural, principalmente, ligada ao folclore. Fato curioso é que lá, e não em Belo Horizonte, situa-se o Museu Mineiro de Folclore que leva o nome de seu organizador, Saul Martins, antropólogo, professor, doutor em Ciências Sociais, hoje aposentado da UFMG. Saul junto com Aires da Mata Machado Filho e outros pesquisadores é que fundaram a Comissão Mineira de Folclore, em 1948. Coube a ele, que sempre pesquisou o artesanato popular, organizar o museu de cultura popular da recém criada instituição.
Mas tanto o Museu como a sede da Comissão Mineira de Folclore, e sua valiosa biblioteca, foram desalojados pelo governo Newton Cardoso com a desativação parcial da Secretaria de Cultura de Minas, em 1989. O então prefeito de Vespasiano, Marcio Murta, resolveu ceder uma casa tombada pelo patrimônio histórico para sediar o museu que passou a chamar-se Museu de Folclore Saul Martins. Vespasiano, assim, passou a sediar o museu e ser centro de atração de dezenas de atividades organizadas pela Comissão Mineira de Folclore, com cursos, palestras e seminários sobre temas folclóricos. Embora a vocação da cidade seja industrial, com número de indústrias importantes, a cidade respira o ar de cultura popular. "Mas tudo aqui é folclore", garantem Valeria Silva Araújo e Patrícia Perdigão, da Divisão de Cultura da Prefeitura. Lá pode-se ver a ciência do povo não apenas no museu – o Saul Martins, com um acervo de mais de 1 mil peças – como nas ruas da cidade, a partir de fevereiro, com os desfiles do Boi da Manta. O primeiro funciona num sobrado de 1920, residência de João Silva, um político da região, depois prefeitura e câmara municipal e desde 1991, museu; a manifestação popular existe há 70 anos e é mais antiga na região que a própria cidade, que está comemorando 56 anos de existência.
Saul Alves Martins, antropólogo
O Museu do Folclore Saul Martins tem peças de mestres da arte popular, como os escultores Valentim Rosa e Artur Pereira, mas também obras de artistas pouco conhecidos, mas igualmente saborosas: O Diabo Sanfoneiro, de Expedito, um artista de Porto Firme (MG) ou O Casamento, de Levi Martins, esta alusiva a maldição de casamentos forçados. Acrescente-se uma expressiva coleção de cerâmicas do Vale do Jequitinhonha ou de colheres de pau, máscaras e brinquedos. Não faltam lendas na coleção do museu: vigias do local dizem ouvir coisas estranhas à noite e uma antiga moradora escutava barulho de armários inteiros de panelas caindo e, quando ia a cozinha, estava tudo no lugar.
"O museu é o ponto turístico que dá magia a uma cidade industrial que tem muita história para contar", explicam Valeria e Patrícia. Mas há problemas que assustam: goteiras na sala onde funciona a biblioteca, trincas em algumas paredes, chão que balança onde estão delicadas cerâmicas (em estantes tortas). "A casa é antiga. Estamos iniciando uma reforma do telhado, mas é trabalho para gente especializada, a preocupação é não descaracterizar o local", contam. Outras diversões? " O quarteirão fechado da praça JK. É lindo e é point", contam. "Após a missa das 20h é lugar de namoro", brincam. Diversão mesmo é o Boi da Manta. Desfiles pré-carnavalescos, com animais feitos de balaios, seguido corte caricata (os Marmotas), que remete a antigas folias dos escravos. Em 2004 os desfiles acontecem 12, 14, 17, 19, 21 de fevereiro e após o desfile tem Carnaval. Entre as alegorias, mais folclore: o Mulherão, remete a história de uma loura gigante que aparecia andando sobre fios de luz como bailarina. Já houve quem visse a mulher entrando num cemitério. "Eu nunca vi, mas acredito", brinca Valéria. Ela avisa que a cidade tem bons hotéis e teatros. Restaurantes? O Taberna ou Vila Rural, um mais simples e outro um pouco mais sofisticado.
O prédio do Museu de Folclore Saul Martins foi construído na década de 1920, mais precisamente em 1927, com arquitetura neocolonial, possui painéis e roda-tetos trabalhados pelos pintores João Lourenço e J. Gebran e restaurados pela artista vespasianense Ana Maria Machado Malaquias em 1980.O sobrado abrigou famílias que fizeram parte da história vespasianense e foi também, a primeira sede do Executivo Municipal, após a emancipação político-administrativa de Vespasiano.
O Museu do Folclore Saul Martins foi instalado no município em 1991, através de um convênio firmado entre a Prefeitura de Vespasiano e a Comissão Mineira do Folclore. Possui mais de 1.000 peças, sendo 75% de Minas, 23% do Brasil e 2% do exterior. O Museu reúne há mais de 40 anos obras valiosas como a “Pomba Gira”, do artista mineiro José Valentim Rosa; “O Caçador e a Onça”, de Artur Pereira, o maior artesão do Brasil, além de uma biblioteca de exemplares raros sobre o assunto.
A Casa da Cultura está localizada na Rua Francisco Lima, 8, Centro.
Museu do Folclore Saul Martins – Rua Francisco Lima, 12, Centro, Vespasiano, (31) 3621-3268. De terça a sábado, de 13h às 18h. Entrada franca.
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