sábado, 13 de dezembro de 2014

BINÔMIO FEZ REVOLUÇÃO NO JORNALISMO BRASILEIRO



IMPRENSA ALTERNATIVA OU NANICA
BINÔMIO INAUGUROU NOVA ERA DO JORNALISMO BRASILEIRO 

BINÔMIO, jornal criado na década de 1950, em Beagá, pelos jornalistas José Maria Rabelo e Euro Arantes trouxe  e inaugurou  novo estilo de jornalismo com técnicas de redação e formato gráfico. O jornal foi modelo para O PASQUIM, que surgiu em 1969, no Rio e marcou forte presença no jornalismo brasileiro. Arquivos do BINÔMIO foram doados à UFMG e estão digitalizados. Cerimônia de doação aconteceu ontem, terça-feira, dia 09/12/14, na UFMG.


A imprensa alternativa (nanica) brasileira ganhou importante referência, agora digitalizada, com a doação do acervo do jornal Binômio (1952-1964) -  cujo slogam era Sombra e Água Fresca por um de seus idealizadores, o jornalista José Maria Rabêlo. A digitalização foi realizada pela Universidade Federal de Minas Geral (UFMG) com a ajuda do jornalista de 86 anos, que doou as mais de 800 edições da publicação para a universidade. 



A comemoração foi na terça-feira, dia 09/12/14, na sede da biblioteca da UFMG. Alguns veteranos jornalistas que participaram do jornal estiveram na cerimônia: Célio Apolinário, Guy de Almeida, Orlando Vaz, Jadir Barroso, Dídimo Paiva, Antonio Romanelli, Carlos Felipe e o fundador José Maria Rabelo. Também membros do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, a Belotur,  professores e estudantes do Curso de Comunicação Social da UFMG e outras instituições. José Maria Rabelo, hoje com 86 anos, foi presença marcante no evento. Ele teve sua vida marcada pelo jornalismo independente e pela perseguição política, que o fez ficar 15 anos no exílio. 



O tema Jornalismo Alternativo ou Imprensa Nanica foi analisado em meados dos anos 1970 pelo professor e jornalista Sebastião Breguez que apresentou suas pesquisas nos congressos anuais da SBPC-Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência em 1976, na UnB, em Brasília e também em 1977 na PUC-SP. Os textos foram publicados no jornal OPINIÃO, órgão da imprensa alternativa, e também na revista CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, Nº 2, Rio, 1978. Para Breguez, o Binômio foi o protótipo do jeitinho brasileiro de comunicar: debochado, satírico, crítico, alegre, independente, pleno de humor, gozador, malandro, combativo e agitador. 




O modelo do BINÔMIO foi adotado pela imprensa alternativa ou  nanica do final dos anos 1960: primeiro pelo jornal A CARAPUÇA, de Sergio Porto ou Stanislaw Ponta Preta, que surgiu em 1968. Foi seguido por O PASQUIM, em 1969, no mesmo estilo. Depois surgiram OPINIÃO, MOVIMENTO, EX-JORNAL e outros. A imprensa nanica era alternativa à imprensa tradicional que, sob o jugo da censura, não noticiava as arbitrariedades do regime militar. Já os nanicos informavam tudo o que estava acontecendo na política, na economia, na cultura, na sociedade nacional e internacional, custe o que custar.




O Binômio surgiu em Minas Gerais, em 1952, como uma brincadeira de estudantes, quando Rabêlo e seu sócio, o jornalista Euro Arantes, tinham 22 e 23 anos, respectivamente. Com forte teor humorístico, o jornal ganhou força por conta do “governismo” da mídia mineira na época em que Juscelino Kubitschek era governador do estado. “Era um escândalo, a imprensa era controlada pelo estado e não saía nada”, relata Rabêlo.

O nome do Binômio faz referência a um programa de governo de JK, na época batizado de “Binômio de Energia e Transporte”. “Para confrontar o ‘Binômio da Mentira’, como chamávamos este programa, lançamos o ‘Binômio da Verdade: Sombra e Água Fresca’. Foi um sucesso.”, lembra o jornalista. “Com uma linguagem muito independente, até com certo exagero, saímos contestando toda aquela política.”


Nos seus 12 anos de publicação, o Binômio chegou a uma tiragem de 60 mil exemplares, com alcance além de Minas Gerais, segundo Rabêlo. “No primeiro número foram umas quatro paginazinhas, muito mal impressas, com dois mil exemplares. Vendeu tudo. Tivemos que tirar mais dois mil."

Da fase humorística, o Binômio passou para um momento mais combativo em 1956. “Depois do governo de JK, entrou um governador muito retrógrado e conservador, o Bias Fortes. Então, passamos a fazer um jornal mais panfletário, dos mais bravos.” A partir dali, o Binômio encontrou dificuldades para circular. "As gráficas de Minas não imprimiam mais o Binômio. Então, tivemos que ir para o Rio de Janeiro, fomos um jornal que teve que se exilar para sobreviver."

Em 1958, o Binômio iniciou sua terceira e última fase, interrompida em 1964, não por acaso, o ano do golpe civil-militar no Brasil. Durante esses seis anos, o jornal se tornou um grande semanário. “Além do humor, apresentávamos denúncias e grandes reportagens, que abalavam o estado." Foi nessa fase que o jornal sofreu seu empastelamento. "Estava na época já a conspiração golpista. Era o governo do Jango e a direita já se articulava", recorda.

O Binômio virou alvo por fazer reportagem contra um general do Exército. "Foi nomeado um novo comandante das Forças Federais de Minas, o general João Punaro Bley. Ele deu, na ocasião, uma série de declarações anticomunistas, dizendo que o governo de Goulart era suspeito. Sabíamos que ele havia sido interventor do Estado Novo no Estado do Espírito Santo, que havia fechado jornais e comandado um campo de concentração para presos políticos. Fomos lá e fizemos um material impressionante”. Isso, segundo o jornalista, levou o general até a redação ameaçar os responsáveis pela publicação. “A publicação saiu no domingo. Na quarta-feira, ele apareceu no jornal, fardado e com o barrete metálico, para conversar com o diretor."

A tentativa de intimidação, de acordo com Rabêlo, acabou em uma luta corporal envolvendo ele e Bley. "Ele questionou quem havia escrito aquela ‘merda’ sobre ele. Eu respondi: é uma reportagem muito fundamentada e eu sou responsável por tudo que sai publicado no jornal. Dito isso, ele me agarrou pelo pescoço. Eu sabia que ele já tinha feito isso com jornalistas no Espírito Santo. Mas eu era lutador de judô. Nós rolamos pelo chão."

A coragem de Rabêlo custou caro ao Binômio. "Três horas depois, chegaram uns 200 homens e destruíram tudo na redação. Eu já não estava lá, por sorte. Não ficou nada. Até as latrinas, destruíram tudo." Segundo o jornalista, não só o enfrentamento do general Bley levou à perseguição, mas também o teor das notícias do jornal, que defendiam o legalismo e o governo de João Goulart. “Em 1964, fecharam o jornal e não pudemos circular mais", relata.
Após o incidente, o jornalista passou a ser visado e teve de se exilar. "No dia 29 de março, em Minas, puseram em prática a Operação Gaiola, para prender todas aquelas pessoas que tinham envolvimento na defesa do governo Goulart”, lembra. “Eu era um dos principais, porque o nosso jornal denunciava a conspiração contra o Jango, a traição do Magalhães Pinto, entre outros fatos.”

A sorte passou, então, a marcar a vida do jornalista e de sua família. “Nesse dia 29, às vésperas do golpe, saí para almoçar e, no preciso momento em que eu descia, oficiais subiam no outro elevador para me prender. Isso é cinematográfico. O porteiro Geraldino me disse: ‘ô Zé Maria, cai fora que os homens estão aí, te procurando’. Foi o conselho mais sábio que eu recebi na vida", diz.

Rabêlo voltaria a viver outro afortunado desencontro quando se refugiou no Chile, nos anos 70. “Eu estava na primeira lista de procurados. Éramos 99 pessoas. A lista dizia assim: ‘As pessoas relacionadas têm o prazo de 24 horas para se apresentar ao Ministério da Defesa, sob pena de fuzilamento.’ Os oficiais chegaram na minha casa duas horas depois de eu ter saído.” O jornalista só voltaria a pisar no Brasil nos anos 80.

Como vanguarda, o Binômio discutia em suas colunas assuntos que não eram correntes na época, como a própria imprensa, a publicidade e os movimentos sociais. “Nós não nos inspirávamos em ninguém, buscávamos as nossas próprias soluções. Procurávamos fazer um jornalismo moderno, direto, claro, que explicasse ao leitor o que estava acontecendo.”

Tal preocupação com um jornalismo arrojado, segundo Rabêlo, falta hoje à mídia brasileira. Além disso, todos os jornais, na sua opinião, parecem falar dos mesmos assuntos. “As manchetes dos grandes jornais brasileiros são todas iguais. Uma vergonha, parece que todas vêm da mesma central de jornalismo. Isso não houve nem no tempo do Jango." Para Rabêlo, ainda há espaço para o crescimento do jornalismo alternativo e a recuperação do Binômio ajuda a aumentar as referências para que os jornalistas busquem novas perspectivas. “Hoje, temos a internet. A grande mídia impressa e televisiva não fala mais sozinha", acredita.

A coleção doada por Rabêlo ficará na Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras da biblioteca da UFMG. O lançamento oficial do material ocorre no Campus Pampulha da universidade, na Av. Antônio Carlos, 6627, 4º andar, em Belo Horizonte.






sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O JORNALISMO NA ERA DIGITAL



O JORNALISMO NA ERA DIGITAL

Prof. Dr. Sebastião Breguez 

"O que chama a atenção é que o jornalismo mudou, mas as escolas de jornalismo ainda não se deram conta e ainda ensinam o jornalismo ultrapassado"

É fim-de-ano. Renova-se mais uma vez a dialética da "morte" de um ano e "nascimento" de outro. Agora com mais emoção e expectativa, pois, estamos no século XXI. É neste contexto que como professor de jornalismo avalio as mudanças do jornalismo na atualidade, principalmente, as relacionadas com o Estilo Jornalístico - a Redação Jornalística.

O Estilo Jornalístico ou a forma com que o jornalista apresenta as informações para o leitor não apareceu de repente na História do Jornalismo. Mas foi o resultado de lenta elaboração histórica que está intimamente relacionada com a evolução do próprio conceito de jornalismo. Esta História, a partir dos meados do século XIX, apresenta perfeita relação com o desenvolvimento total da sociedade. Podemos dividi-la em três fases: Jornalismo Ideológico e Opinativo, Jornalismo Informativo e Jornalismo Interpretativo.

PRIMEIRA FASE - 1900-1920 - O ESTILO OPINATIVO E IDEOLÓGICO

O que caracteriza o Estilo Jornalístico, neste período, é o excesso de adjetivismo no texto das reportagens, o uso do nariz de cera para começar a matéria, as reportagens longas e a falta de preocupação com o leitor. Também a programação visual privilegiava o texto longo com pouca imagem.

Jornalismo doutrinário e moralizador é feito com ânimo proselitista a serviço das idéias políticas e lutas ideológicas. Trata-se de imprensa pouco informativa e cheia de comentários.

SEGUNDA FASE (1920-1980)
1ª ETAPA 1920-1945 - O ESTILO INFORMATIVO E A ERA DOS MANUAIS 
2ª ETAPA 1945-1980 - A DITADURA DO LEAD IMPERA NAS REDAÇÕES

A primeira etapa da segunda fase -Jornalismo Informativo- vai se definindo a partir do fim da I Grande Guerra. Na Inglaterra e nos Estados Unidos, aparecem novas formas de redação das notícias, um novo estilo que se apoia de modo fundamental na narração ou relato de fatos e acontecimentos. O novo estilo adapta formas de expressão literária desta época para transmitir informações e notícias com eficácia e economia de palavras. Ele aparece com força e vigor que cria novas formas de expressão literária com regras próprias estabelecidas nos Manuais de Redação.

É o aparecimento da técnica do lead (guia ou orientação para o leitor) em que o jornalista anuncia no primeiro parágrafo os cinco elementos da notícias: O QUE, QUEM, QUANDO, ONDE, COMO, POR QUÊ. Este estilo chegou ao Brasil na década de 50 com os primeiros Manuais de Redação adotado por jornais como Diário Carioca e Tribuna da Imprensa. O Estilo Informativo teve, desde o seu início, três objetivos básicos em que buscava firmar-se: a naturalidade de expressões, a clareza e a concisão. É fácil imaginar-se que o aprendizado coletivo destas gerações de jornalistas (pois os Cursos de Comunicação só aparecem na década de 1960 ) em busca de maior clareza acabou cristalizando-se nesta forma peculiar de expressão literária. Também o aparecimento do Rádio foi importante. O texto para o Rádio tem que ser menor do que o para o jornal impresso para não cansar o ouvinte. Ai aparecem os quesitos para o bom texto jornalístico : clareza, concisão, densidade, exatidão, precisão, simplicidade, neutralidade, originalidade, brevidade, variedade, atração, ritmo, cor, sonoridade, detalhismo, correção e propriedade. Destes, apenas três são considerados os mais importantes: clareza, concisão e introdução que capte a atenção do leitor.

O desenvolvimento da sociedade de consumo após o fim da II Guerra após 1945 impôs novas formas de apresentação gráfica, acompanhando o desenvolvimento da tecnologia e da indústria gráfica. A concorrência com a TV, a partir de 1950, também colocou novos desafios para o jornal. Tudo teve que mudar e se adaptar às inovações, concorrência e mudanças nos hábitos de leitura do consumidor. Na década de 60 e 70, por exemplo, no Jornal do Brasil, o repórter era obrigado a usar a técnica do lead para introduzir a notícia para o leitor: "o uso do lead e da gravata eram fundamentais no JB", diz um veterano.

De 1960 a 1980, a Ditadura do Lead predominou nas redações, tolhendo, às vezes, a criatividade do repórter ao escrever sua matéria. Mas com o aparecimento das revistas semanais de informação com Veja (1968) e a chamada Imprensa Alternativa ou Nanica com O Pasquim (1969) a técnica do lead foi modificada aos poucos, cedendo à criatividade e o desafio criador dos novos jornalistas. Ai apareceu o Estilo Interpretativo.

TERCEIRA FASE - 1980 AOS NOSSOS DIAS - O ESTILO INTERPRETATIVO

O jornalismo, diante da concorrência com o Rádio e a TV, teve que mudar. Ele tem que apresentar a informação diferentemente dos veículos audiovisuais e busca mostrar –mais- detalhes ao leitor. O jornalismo aí reveste de profundidade - as reportagens longas das revistas semanais -Veja e IstoÉ , além dos jornais alternativos como Opinião, Movimento, Ex, Debate & Critica, etc- os grandes jornais mudam aos poucos seu estilo de redação formalista e tradicionalista. Aliviam o clima da Era da Ditadura do Lead, deixam o repórter usar um pouco mais de imaginação.

Já há alguns anos que os Manuais de Redação dos grandes jornais não definem o lead como resposta às perguntas O QUE, QUEM, QUANDO, ONDE, COMO , POR QUE.

Definem lead como a forma de introdução da notícia em que o jornalista apresenta o aspecto mais interessante para o leitor (veja MANUAL DA FOLHA DE S. PAULO). O uso da imagem e da cor como recurso gráfico impôs-se no novo jornalismo.

Texto curto, com adjetivos bem escolhidos para chamar a atenção do leitor e o uso de imagem (foto, ilustração, gráfico) na maioria das reportagens. Eis as novas modificações da imprensa.

O que chama a atenção é que o jornalismo mudou, mas as escolas de jornalismo ainda não se deram conta e ainda ensinam o jornalismo ultrapassado. Os velhos livros básicos como TÉCNICAS DE CODIFICAÇÃO EM JORNALISMO, de Mário Erbolato, ou IDEOLOGIA E TÉCNICA DA NOTÍCIA, de Nilson Lage, têm que ser atualizados com a nova realidade. Senão nossos alunos irão chegar ao mercado de trabalho com modelos ultrapassados e terão que reaprender tudo. Vale a pena rever o assunto e atualizar tendo como base o mercado.

FASE ATUAL - O JORNALISMO NA CIVILIZAÇÃO DIGITAL

Escassez versus opulência comunicacionalVivemos uma fase de crise - crise de energia, crise ambiental, crise econômica, crise social, crise de valores, crise de desemprego - que provoca escassez, mas vivemos, ao mesmo tempo, uma fase de opulência comunicacional. A oferta de informações ao leitor é bem maior que a demanda. Há mais informação (notícias, fotos, imagens, gráficos etc) à disposição ao leitor do que a sua necessidade e capacidade de acessar e decodificar isto tudo.É uma explosão quase atômica da sociedade da informação. A busca pela banalização de dados e informações, além de provocar o descrédito, acaba por criar uma nova crise: a apatia do leitor diante da informação. O que nos permite pensar em lixo informacional numa sociedade em busca de valores ecologicamente corretos. É mais um tema a pesquisar para futuras teses de mestrado e doutorado. Ecologia comunicacional ou informacional, eis o tema para nova área de pesquisa das Ciências da Comunicação.

Os jornais impressos estão passando por uma crise desde que explodiu a globalização nos anos 1990. Mas também em função das novas tecnologias da informação. Estamos no final da Civilização Gutemberg, que é a civilização da cultura impressa no papel. Ingressamos na Civilização Digital, no mundo cibernético em todos os sentidos.  Há até um estudo da Future Exploration Network (EUA) que prevê o fim do jornal impresso no Brasil em 2027. Claro, o jornal impresso nunca deixará de existir. Ele está se adaptando em termos de formato, apresentação visual e técnica de redação.

Alguns jornais acabaram a edição impressa com a crise como o JORNAL DO BRASIL, no Rio de Janeiro, o DIÁRIO DA TARDE, em Belo Horizonte, e outros. Os jornais, além da edição impressa, mantém a edição digital em seus portais. Ali as principais notícias são estampadas com destaque com texto curto, ilustração e imagem chamativa. Assim, com a explosão da informação on-line, todos os veículos de comunicação (jornais, rádios e TVs) mantém a edição digital. Há  também grande crescimento de portais de informação como UOL ou UAI, que apresentam resumo das principais notícias do Brasil e do Mundo, que são atualizadas varias vezes ao dia. Esta revolução da informação eletrônica enfraquece o modelo antigo e tradicional da notícia no papel acentuando a crise da civilização impressa. O mercado da informação eletrônica está em alta com grande competitividade e concorrência.  Vence quem consegue ter mais acessos e com isto maior volume de publicidade.

Em Minas Gerais, os jornais HOJE EM DIA e O TEMPO mudaram o formato: do tamanho standard para tabloide. O formato standard (cópia do modelo gráfico de jornais norte-americanos) cedeu para o modelo tabloide, característico dos jornais europeus e da América Latina. Também em MG surgiram dois novos jornais tabloides de preço baixo (R$0,25) com notícias de apelo popular - SUPER e AQUI. Eles são sucesso de vendas em Belo Horizonte e são vendidos nos sinais de trânsito. Sua receita de jornalismo: formato tabloide, texto curto, notícias sensacionalistas de crime e paixão e foto de  belas e sensuais mulheres semi-nuas na primeira página. Também mantém edição digital em seus sites.

De acordo com estudo da Future Exploration Network, centro de consultoria norte-americana, em 2027 circularia o último jornal impresso no País. Conforme o relatório, que avaliou o cenário em 20 países, a crise que levaria ao fim do jornal começaria pelos Estados Unidos. A Argentina seria a nação em que o meio terá mais resistência. O encerramento do último jornal do país é previsto para ocorrer em 2039. Para justificar a tese, a Future Exploration Network analisa uma série de aspectos. Estas previsões, entretanto, foram modificadas. Não vai haver fim do jornal impresso, mas drástica diminuição do leitor para este tipo de mídia tradicional.

No Brasil, as razões que sustentam a perda do leitor da mídia impressa são : desenvolvimento tecnológico econômico, crescimento urbano e desigualdade sócio-econômica. Pode-se citar ainda alguns fatores como como a absorção da tecnologia, o desenvolvimento da banda larga, a penetração de smartphones e tablets, a receita de publicidade no jornal, o suporte para a mídia, censura e comportamento do consumidor. O aparelho de celular incorporou as mídias tradicionais como jornal, rádio, TV e cinema, revolucionando a sociedade informacional. Na verdade, toda era de mudanças de paradigmas, leva a previsões realistas e imaginárias. O jornal impresso vai se adaptar às novas mudanças tecnológicas e culturais para se adaptar à nova realidade do leitor do século XXI e sobreviver.

No cenário mundial, devem contribuir para a diminuição da importância da notícia impressa aspectos como o aumento de custo na fabricação de e-readers, tablets e smartphones; o desenvolvimento do papel digital; a modernização de mecanismos digitais; tendências de publicidade e mudança na produção e custos do jornal. A FOLHA DE S. PAULO, que foi o jornal com maior índice de leitura no Brasil,  por exemplo, em 1990, tinha uma tiragem de um milhão de exemplares aos domingos. Hoje tem pouco mais de 300 mil. Ora a população do país hoje é de 200 milhões e 300 mil é muito pouco. O livro e a revista também estão com baixa tiragem. 


A regionalização da comunicação é uma das tendências atuais. Há uma carência por informações e notícias locais e regionais.Na Europa, muitos países já adotaram os jornais de bairro desde os anos 1960, como as rádios e emissoras de TV de bairro. Na França isto se desenvolveu muito.  As pessoas querem saber das notícias globais, mas o foco do leitor é também local e regional. É importante saber o que está acontecendo na sua  rua, na sua região, no seu bairro. Mas Hoje a tendência é diminuir o impresso. O Meio Ambiente agradece.  Para se ter o papel temos que destruir árvores. O processo de fabricação de papel envolve muita química pesada, como o ácido mercúrio, que tem forte poder de poluição. As novas tecnologias de comunicação estão institucionalizando a cultura digital. A Civilização Gutemberg que trouxe a Cultura Impressa, está em decadência. O grande sucesso mercadológico atual, em Minas gerais, é o jornal tabloide. Os jornais SUPER e AQUI vendem muito e atingem um tipo de leitor que gosta de notícias sensacionalistas, mais fotos e pouco texto. As notícias locais e regionais também são foco importante de atração de leitores.





domingo, 3 de agosto de 2014

LIVROS DE SEBASTÃO BREGUEZ

LIVROS DO PROF. SEBASTIÃO BREGUEZ


1)O CORDEL DE TÉO AZEVEDO
    SEBASTIÃO BREGUEZ. 
    SP, ED. HEDRA, 2010.


O CORDEL DE TÉO AZEVEDO aborda a vida e obra de cordel do poeta e repentista mineiro Téo Azevedo da região de Montes Claros no Norte de Minas. O livro é publicado pela Editora Hedra (SP), na Coleção Literatura de Cordel dirigida pelo professor Dr. Joseph Luyten da ECA-USP e da Cátedra UNESCO de Comunicação e Desenvolvimento Regional. A coleção, com mais de 20 títulos, aborda os principais poetas de cordel do Brasil e foi organizada para resgatar a memória da literatura de cordel no Brasil. 

Sebastião Breguez, estudioso dos aspectos comunicacionais do folclore, foi um dos idealizadores da FOLKCOM-Rede Brasileira de Estudiosos de Comunicação e Folclore, da Cátedra UNESCO de Comunicação e Desenvolvimento Regional. Também foi o criador do NP de Folkcomunicação da INTERCOM e seu primeiro coordenador. Ele conheceu Téo Azevedo em meados da década de 1970, quando trabalhava como redator de Cultura do ESTADO DE MINAS, em Belo Horizonte. Desde lá já escreveu três livros sobre Téo Azevedo e foi um dos principais divulgadores de sua obra. 

Téo Azevedo, hoje com mais de 2000 músicas de sua autoria gravadas por dezenas de interpretes, publicou uma centena de folhetos de cordel, editou dezenas de discos e CDs de música popular, sertaneja e repente. Participa de todos os festivais de música popular e repente no Brasil e exterior.

2) FOLKCOMUNICAÇÃO: RESISTÊNCIA CULTURAL NA SOCIEDADE GLABALIZADA    
   SEBASTIÃO BREGUÊZ
   SP, INTERCOM, 2004. 


FOLKCOMUNICAÇÃO: resistência cultural na sociedade globalizada (SP, Intercom, 2004) que avalia a ação da mídia sobre as culturas locais e regionais. O livro reúne trabalhos apresentados e discutidos no Seminário Brasileiro de Folkcomunicação, que ele organizou e que aconteceu em Belo Horizonte, no Palácio das Artes. Ali durante dois dias, especialistas de todo o Brasil debateram os efeitos da globalização midiática na cultura popular (folclore). O evento foi organizado pela INTERCOM (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), através de seu Núcleo de Pesquisa em Folkcomunicação coordenado por Sebastião Breguez. O livro tem prefácio do Prof. Dr. José Marques de melo, Diretor da Cátedra UNESCO/UMESP de Comunicação. 

O livro analisa três pontos importantes no debate sobre a globalização e a cultura: Resistência Cultural e Mídia, Estratégias de Sobrevivência das Culturas Regionais em face do processo de Globalização e Co-existência pacífica da Tradição com a Modernidade.

A Folkcomunicação é uma disciplina científica criada na década de 1960 pelo jornalista e professor pernambucano, Luiz Beltrão, que foi o primeiro doutor em Comunicação do Brasil. Ela estuda os aspectos comunicacionais das culturais locais e regionais e também do folclore. Esta disciplina ganhou importância nos meios acadêmicos brasileiros na década de 1990 em função do aumento de pesquisas sobre os efeitos da globalização nas culturais locais. A partir daí foi criada a FOLKCOM-Sociedade Brasileira de Estudos da Folkcomunicação que reúne os professores, jornalistas, estudantes e pesquisadores que se interessam pelo tema. O professor Sebastião Breguez, que é discípulo de Luiz Beltrão foi um dos criadores desta associação e coordena o Núcleo de Pesquisa em Folkcomunicação da INTERCOM.                                                                                                                                               

3) SANTA LUZIA, UMA CIDADE SOB A LUZ DO PRESÉPIO
    SEBASTIÃO BREGUEZ E OUTROS
    BH, EDIÇÕES CARRANCA, 2010. 


Santa Luzia, na Grande-Beagá, é a capital brasileira dos presépios.

Nenhuma cidade do Brasil reúne, com tanto vigor,  no seio das famílias, a arte da confecção e visitação de dezenas de presépios no ciclo natalino. Isso anima o Natal da cidade de Santa Luzia, a 25 quilômetros de Belo Horizonte, em Minas Gerais. É um caloroso espetáculo familiar, mas também do público. É um trabalho de artesanato popular de fundo religioso, mas também de grande expressão folkcomunicacional. Os presépios aparecem na mídia, principalmente na TV Globo (jornal local, nacional e Fantástico). É um espetáculo popular, religioso e midiático.

O livro apresenta uma pesquisa feita por professores que, há anos acompanham, em Santa Luzia, a arte, a técnica, a fé e a devoção dos presepeiros. Todos os anos, no final de novembro, os artistas do presépio reúnem a família para preparar o seu presépio. Cada um usa um material diferente para expressar sua fé e devoção ao Menino Jesus. São dezenas de presépios que as famílias luzienses buscam mostrar para o público visitante. As casas são abertas a visitação de todos. Abrem um precioso espaço de convivialidade social. Vale a pena conferir.

PARTICIPAÇÃO EM LIVROS (ARTIGOS E CAPÍTULOS PUBLICADOS)

1) METAMORFOSES DA FOLKCOMUNICAÇÃO
JOSÉ MARQUES DE MELO, GUILHERME FERNANDES (ORGs)
SP, EDITAE, 2013.
ARTIGO DE SEBASTIÃO BREGUEZ SOBRE VICENTE SALLES, O FOLCLORE E AS CIÊNCIAS SOCIAIS 



A Intercom lançou o livro METAMORFOSES DA FOLKCOMUNICAÇÃO: antologia brasileira, organizado por José Marques de Melo e Guilherme Fernandes, durante o Sinacom (VIII Simpósio Nacional de Ciências da Comunicação) no Centro Cultural José Marques de Melo (Rua Joaquim Antunes, 711, Pinheiros, São Paulo-SP).

O livro tem participação de 85 autores, sendo vários comunicadores e folcloristas entre os quais Sebastião Breguez. É uma antologia brasileira e marco nos estudos de comunicação social no Brasil. a obra é uma coletânea de estudos e artigos realizados por mais de 80 pesquisadores e professores renomados, das mais diversas áreas da comunicação. Na obra “Metamorfose da Folkcomunicação” o tema é abordado como uma disciplina em processo de maturidade acadêmica.  

3) IMPRENSA BRASILEIRA: PERSONAGENS QUE FIZERAM HISTÓRIA
MELO, José Marques de (Org.).
 SP: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo; São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de
São Paulo, 2005. v. 1, 301 p.

ARTIGO SEBASTIÃO BREGUEZ SOBRE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


A coletânea Imprensa brasileira: personagens que fizeram história representa passo significativo na construção da história midiática do Brasil. Ela foi organizada para referenciar os 200 anos do aparecimento da imprensa no Brasil (1808-2008). Em 2005, editou-se o primeiro volume da coleção que traz perfis biográficos de personalidades envolvidas na história da mídia nacional, reafirmando a persistente luta de resgate da memória da imprensa, iniciada em 1908, pelo historiador Alfredo de Carvalho. A obras dessa coleção têm como organizador o professor José Marques de Melo, diretor da Cátedra Unesco de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo e idealizador da Rede Alfredo de Carvalho, estudioso precursor da preservação da história da imprensa no Brasil. A Rede Alcar, instituída em 2000, dá início a essa série de obras, como parte da proposta de resgatar osdois séculos de história da mídia e como

forma de fomentar os estudos nesse campo, ainda pleno de lacunas a serem cobertas. 

4) NOÇÕES BÁSICAS DE FOLKCOMUNICAÇÃO
    GADINI, Sérgio Luiz, WOITOWICZ, KARINA JANZ
    PONTA GROSSA,EDITORA UEPG, 2007.
 ARTIGOS DE SEBASTIÃO BREGUEZ: - LITERATURA DE CORDEL
                                                                 - ARTESANATO POPULAR


O livro tem o objetivo de reunir referências básicas sobre a Teoria da Folkcomunicação. Apresenta de modo simples e didático os principais marcos teóricos originalmente desenvolvidos por Luiz Beltrão nos anos 1960. Apresenta textos dos principais discípulos e seguidores do pensador pernambucano que criou as Ciências da Comunicação no Brasil. Oferece diferentes leituras e olhares sobre as pesquisas na área da Folkcomunicação.

5) GRANDES NOMES DA COMUNICAÇÃO - JOSÉ MARQUES DE MELO
    MARIA CRISTINA GOBBI
    RECIPE, UNICAP, 2001
 ARTIGO DE SEBASTIÃO BREGUEZ, SÃO PAULO, PARTICIPAÇÃO NAS SOCIEDADES CIENTÍFICAS

O livro é obra coletiva de dezenas de professores e pesquisadores de comunicação sobre a trajetória de 40 anos da vida  intelectual e acadêmica do prof. Dr. José Marques de Melo. Ele foi o primeiro jornalista a se tornar doutor em Jornalismo em 1973 pela ECA-Escola de Comunicação e Arte da USP-Universidade de São Paulo. A Imprensa e a Comunicação, no Brasil, devem ao Prof. José Marques de Melo, posturas metódicas, pedagógicas e ampliação dos aspectos das pesquisas comunicacionais realizadas no último quartil do século XX.

6) FORTUNA CRÍTICA DE LUIZ BELTRÃO - DICIONÁRIO BIBLIOGRÁFICO
JOSÉ MARQUES DE MELO (Org.)
SP, EDITORA INTERCOM, 2012.
ARTIGO SEBASTIÃO BREGUEZ - A SERPENTE NO ATALHO


O livro é obra coletiva de dezenas de pesquisadores de Folkcomunicação. Apresenta toda a produção intelectual do pesquisador pernambuca no Luiz Beltrão, criador das Ciências da Comunicação no Brasil. É uma fonte extraordinário de consulta, especialmente para aqueles que ainda não tiveram a para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer o universo da Folkcomunicação. Esse dicionário passa pelas principais obras do professor, onde autores da nova geração de estudiosos da Folkcomunicação realizaram uma releitura da obra.
Palavra(s)-chave(s)    Luiz Beltrão; Comunicação; Folkcomunicação,; Teoria da Comunicação.

7) REVISTA ENCONTROS COM A CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA Nº 2
    RIO, EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, 1978.
   ARTIGO SEBASTIÃO BREGUEZ - A IMPRENSA BRASILEIRA APÓS 1964

 
A revista ENCONTROS COM A CIVILIZAÇÃO brasileira foi a principal publicação da intelectualidade nacional acerca dos problemas sociais, políticos, culturais e econômicos do Brasil daquela época. No texto A IMPRENSA BRASILEIRA APÓS-64, Sebastião Breguez mostra os três aspectos da imprensa na época: 1) Desnacionalização das empresas jornalísticas, 2) Aparecimento da censura, e 3) As mudanças na redação jornalísticas.

8) REVISTA COMUNICAÇÃO & SOCIEDADE Nº 36
   SÃO BERNARDO DO CAMPO, UMESP, PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM                  COMUNICAÇÃO SOCIAL, 1979.
   ARTIGO SEBASTIÃO BREGUEZ - IV FOLKCOM AMPLIA FRONTEIRAS


O artigo de Sebastião Breguez analisa o IV Congresso Anual da Folkcom-Rede Brasileira de Pesquisadores de Folkcomunicação que aconteceu em Campo Grande no campus da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. O tema da conferencia foi As Festas populares como manifestações comunicacionais. Faz um balanço do evento com conferencias, debates, apresentações de trabalhos e shows culturais.
9) ANUÁRIO UNESCO/UMESP DE COMUNICAÇÃO REGIONAL Nº 5
    SÃO BERNARDO DO CAMPO, UMESP, 1997.
   ARTIGO DE SEBASTIÃO BREGUEZ - TIRADENTES, A FESTA CÍVICA DA LIBERDADE

 
O artigo de Sebastião Breguez analisa a Festa de Tiradentes, o 21 de abril, em Ouro Preto, MG, como manifestação folkcomuncional. A festa é um ritual em que tem duas partes. Na primeira parte, solene, sacra, o espaço social é dividido e separado por  cordões que separam autoridade e povo. Ali as autoridades discursam e fazem condecorações à pessoas da sociedade civil num ritual rígido e comandado pela elite que domina a política mineira e brasileira. A segunda parte é profana. Não há divisão de públicos. O povo dança e canta como no carnaval, a folia sob o som do trio elétrico. O texto faz análise da importância da festa e de seus efeitos comunicacionais.