segunda-feira, 8 de maio de 2017

SAUL MARTINS, PESQUISADOR DE FOLCLORE

SAUL ALVES MARTINS, UM GRANDE INTELECTUAL MINEIRO

Por Sebastião Breguez


Saul Martins (Januária, 1917, BH, 2009)
   
O professor Dr. Saul Alves Martins, Presidente de Honra da Comissão Mineira de Folclore, faleceu 11 de dezembro de 2009, em Belo Horizonte.  Seu enterro aconteceu no Cemitério do Bonfim. O velório foi anexo três do mesmo local. Estiveram presentes dezenas de professores, intelectuais, oficiais da Polícia Militar de Minas Gerais, folcloristas da Comissão Mineira de Folclore e amigos. O Presidente da Academia de  Lestras da Polícia Militar, coronel João Batista, foi o primeiro a falar e apontou as inúmeras obras literárias de Saul como poeta e escritor. O jornalista Carlos Felipe, Presidente da Comissão Mineira de Folclore falou em nome dos folcloristas mineiros, uma vez que Saul era o único membro vivo dos 28 intelectuais que fundaram a CMFL, em 19 de fevereiro de 1948, uma das primeiras instituições de pesquisa de folclore do país.

 Saul Martins foi coronel da Polícia Militar de Minas Gerais e é autor do Hino da PM mineira. Era formado em Ciências Sociais e doutorou-se em Antropologia com tese sobre o Artesanato Brasileiro. Foi professor da UFMG até se aposentar.

Saul  é mineiro de Januária, onde nasceu a primeiro de novembro de 1917, doutor e Ciências Sociais, professor de Antropologia, pesquisador, poeta e folclorista. Foi presidente do Conselho Diretor das Escolas Caio Martins, nos anos de 1962 e 1963 membro do Conselho Universitário da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, por dois anos, e Chefe do Departamento de Sociologia e Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, de 1970 a 1973.

Em 1951, em concorrido certame, a Academia Mineira de Letras considerou seu soneto Flores do Campo um dos dez melhores da fase contemporânea, em Minas Gerais. No ano seguinte, a Discoteca Pública Municipal de São Paulo premiou sua monografia Artes e Ofícios Caseiros.  Prêmio em Dinheiro.

Participou de todos os Congressos de Folclore realizados no Brasil, tendo sido relator, no último destes.  Representou o Estado de Minas Gerais no Congresso Internacional de Folclore, que reuniu especialistas de 32 países em São Paulo, durante o IV Centenário. De novo, por expressa delegação do Governador, representou Minas Gerais no Distrito Federal, por ocasião do VII Congresso Brasileiro de Folclore, realizado em 1974.

Foi membro do ex-Conselho Estadual de Cultura Popular do Estado e Coordenador do Programa Comemorativo do Sesquicentenário da Independência do Brasil, em Minas Gerais.
Coordenou inúmeras semanas, festivais e exposições em Belo Horizonte para estudo e divulgação de cultura popular e vem ministrando cursos ligados à Antropologia, ao Folclore e Artesanato em muitos lugares do País, inclusive em nível de pós-graduação, como o que foi dado na Universidade do Amazonas, em 1975.

Presidente de Honra da Comissão Mineira de Folclore, único sobrevivente e um de seus fundadores, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, da Societé Internationale d’Ethnologie et de Folklore, com sede em Liége, Bélgica, da Academia Municipalista de Letras, da Academia de Letras Municipais do Brasil e membro correspondente das Academias Conquistense (Bahia), Itajubense e Juiz-Forana (Minas Gerais) de Letras.  Membro Fundador da Academia de Letras João Guimarães Rosa da Polícia Militar de Minas Gerais e Presidente do Conselho Superior.
Foi Mestre do Ano, em 1963, personalidade destaque em 1976 e em 1977, ganhador dos Troféus "Antero de Alencar" em 1978, e "Alferes Tiradentes" em 1984.

Em maio de 1979, a convite da Universidade Nacional de Córdoba, República Argentina, participou do Seminário sobre Patrimônio Artesanal. Tem várias obras publicadas e outras a sair. Uma daquelas serviu de roteiro para filme de longa metragem, colorido, hoje rodando no circuito comercial. Participou do I Simpósio Nacional sobre Folclore, realizado em Olímpia, Estado de São Paulo, no período de 14 a 17 de agosto de 1986, tendo atuado como Vice-Presidente por escolha unânime dos colegas folcloristas.

Foi agraciado com 45 MEDALHAS, sendo oito destas de ouro, 16 placas de prata; uma miniatura do espadim da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, e um suporte com placa da E.F.M.M. (Estrada de Ferro Madeira Mamoré), Porto Velho, Rondônia.
Cidadão Honorário de Belo Horizonte (Resolução 900, de 28 de abril de 1987) e Cidadão Honorário de Bonito de Minas. Recebeu do Vice-Presidente da República, o título de "Construtor do Progresso". Belo Horizonte, 26 de agosto de 2005.

BIBLIOGRAFIA DE SAUL MARTINS


  1. A Dança-de-São Gonçalo. Edições Mantiqueira. Belo Horizonte. 1954.
  2. Artes e Ofícios Caseiros. Separata da Revista do Arquivo, CLXIV. São Paulo. 1959.
  3. Os jogos infantis e as cantigas de roda. Centro Regional de Pesquisas Educacionais. INEP­MEC. Belo Horizonte. 1962.
  4. 0 Artesanato no Serro. Imprensa Oficial. Belo Horizonte. 1964.
  5. Uma Oficina em cada Lar. Edição da Secretaria do Trabalho e Cultura Popular. Belo Horizonte. 1964.
  6. A Indústria Caseira em Pitangui. Imprensa Oficial. Belo Horizonte. 1966.
  7. Proteção ao Artesanato. Imprensa Oficial. Belo Horizonte. 1966.
  8. Os Barranqueiros. Centro de Estudos Mineiros. UFMG. Belo Horizonte. 1969.
  9. 0 Museu e a Pesquisa Artesanais. Editora da Academia Patense de Letras. Patos de Minas. 1969.
  10. Contribuição ao Estudo Cientifico do Artesanato. Imprensa Oficial. Belo Horizonte. 1973.
  11. 0 Artesanato na região de Barreiras (nota previa). Campus Avançado da UFMG. Barreiras. Bahia. 1973.
  12. Arte e Artesanato Folclóricos. MEC-FUNARTE-CDFB. Rio de Janeiro. 1976.
  13. Arte Popular Figurativa. Edições Carranca. Belo Horizonte. 1977.
  14. Folclore: Teoria e Método. Imprensa Oficial. Belo Horizonte. 1986.
  15. O Misterioso Número Três. Edições Carrancas. Belo Horiizonte. 1987.
  16. Congado: Família de Sete Irmãos. SESC-MG. Belo Horizonte. 1988.
  17. Folclore em Minas Gerais. Editora UFMG. Belo Horizonte. 1991.
  18. Panorama Folclórico. SESC-MG. Belo Horizonte. 2004.

FEIJOADA FRANCESA, OU CASSOULET

FEIJOADA FRANCESA, OU CASSOULET
Por Sebastião Breguez

A feijoada é tida como prato nacional da gastronomia brasileira. Mas ela é bem mais antiga e faz parte da culinária dos judeus desde a Antiguidade. Só que entre os judeus e europeus, ela é preparada com feijão branco. Temos a feijoada portuguesa e a espanhola que são preparadas com feijão branco. No Brasil, a tradição é da feijoada com feijão preto. Aqui você vai conhecer o Cassoulet (feijoada francesa) que é um prato do sul da França.
Cassoulet de Carcassone
Na França, na região sul, chamada de Langueloc-Roussilon, também existe um prato do feijão branco e carne de porco que se se parece com a Feijoada Judaica. É um prato típico regional francês. Tive oportunidade de degustar o cassoultet na cidade medieval de Carcassone, a parte antiga é um castelo-cidade, toda fortificada, em arquitetura militar da época medieval, cercada de muralhas de grandes dimensões que abrigou uma grande aglomerado populacional na Idade Média. Foi uma das sedes do catarismo, movimento religioso de origem cristã e era dissidente do catolicismo de Roma.
Carcassone, cidade medieval francesa: origem do Cassoulet
O cassoulet (em Languedociano, caçolet) é uma especialidade gastronômica de origem francesa da região de Limousin, em especial das cidades de Carcassonne, Castelnaudary e Toulouse. Tem distintas versões, mas é feito basicamente com feijão seco e carne, principalmente o confit d'oie (confit de ganso), confit de canard (confit de pato), salsichas, lingüiça, carne de porco, e até carne de perdiz ou cordeiro dependendo da temporada do ano ou da variedade local.
Cassoulet de Carcassonne.
Põe-se o feijão de molho algumas horas antes que depois é cozido em fogo baixo numa cassole, ou caçarola de barro, daí a origem do nome cassoulet.
Três cidades, Castelnaudary, Carcassonne e Toulouse disputam a origem e o título de melhor variedade do prato desde a sua origem, provavelmente durante a Guerra dos Cem Anos. Porém o cozinheiro languedociano Prosper Montagné diz que o cassoulet é o Deus da cozinha occitana: em Castelnaudary é o "Deus-pai", o "Deus-filho" é o de Carcassonne, e o "Espírito Santo" é o de Toulouse.
Na França é muito comum encontrar cassoulet já preparado em latas, variando o preço e ingredientes segundo a versão. As mais baratas contêm apenas feijão molho de tomate, alguns pedaços de carne de porco e salsichas baratas. Preparações mais caras usam gordura de ganso e também podem incluir salsichas de Toulouse, carne de ganso, cordeiro ou confit de pato.
CASSOULET
Receita para 5 pessoas
Ingredientes:
• 500 g de feijão branco
• 150 g de toucinho defumado picado
• 1 kg de lombo de porco
• 800 g de lingüiça fresca
• 2 cenouras inteiras
• 2 cenouras picadas
• 1 cebola grande, com alguns cravos espetados
• 1 cebola picada
• 6 dentes de alho descascados, inteiros
• 5 tomates sem pele e sem sementes
• 150 ml de vinho branco
• 1 talo de salsão picado
• 1 talo de alho poró picado
• 1 bouquet garni (maço de salsa, tomilho, alho poró, salsão e louro)
• Sal e pimenta-do-reino a gosto
• 200 g de caldo de frango pronto
• Farinha de rosca ou migalhas de pão
MODO DE PREPARO

• Deixe o feijão de molho por 12 horas;
• Cozinhe-o com as cenouras inteiras, a cebola com cravo, 3 dentes de alho e o bouquet garni, por 1 hora;
• Em uma panela grande, frite o toucinho, em fogo baixo, até que fique crocante e solte bastante gordura. Retire da panela e reserve.
• Na gordura que sobrou na panela, frite a lingüiça, retire e reserve;
• Tempere o lombo com sal e pimenta e frite ainda na mesma gordura da panela (se necessário, acrescente um pouco de óleo). Retire e reserve;
• Acrescente a cenoura e a cebola picadas, o salsão, o alho poró e os 3 dentes de alho restantes à panela, e deixe dourar um pouco. Acrescente o vinho branco e o caldo, e deixe reduzir um pouco;
• Acrescente os tomates e as carnes reservadas e cozinhe por 1 hora e meia (ou até que as carnes fiquem macias);
• Em uma panela que possa ir ao forno, alterne camadas de feijão, o caldo do cozimento das carnes e as carne
• Salpique a farinha de rosca e leve ao forno por 1 hora;
• Sirva bem quente.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

HISTORIA DA FEIJOADA. ORIGEM COM OS JUDEUS

HISTÓRIA DA FEIJOADA
A origem da Feijoada está com os hebreus. Eles tem muitos créditos na historia da alimentação. É o povo que começou a cozinhar legumes na água com pedaços de carnes. Só que era feijão branco com carnes de ovelha, cabrito ou frango. O feijão já era conhecido no Egito e os hebreus foram escravos lá, onde conheceram o feijão. A Feijoada Brasileira, com feijão preto e carne de porco, é típica nossa. É também chamada de Feijoada Afro-Brasileira. O feijão preto é de origem sul-americana e os índios usavam ele na sua culinária. Os escravos negros aprenderam a usar o feijao preto com os índios.
Sebastião Breguez


Uma das comidas mais populares do Brasil é, sem dúvida, a Feijoada Brasileira (ou feijoada afro-brasileira). Apreciada do Sul ao Norte do país, os brasileiros, pelo menos uma vez por semana, comem feijoada, um prato que está presente em cardápios de todo o brasil e até no exterior. Há pequenas variações de região para outra. Mas basicamente é um prato com feijão preto cozido com carne-seca, paio, lombo, costela, pé, orelha e rabo de porco. No acompanhamento tem arroz, couve, laranja e torresmo. A expressão Feijoada foi usada pela primeira vez no Rio de Janeiro.
Todo mundo diz que a feijoada nasceu na Senzala com o uso do feijão preto e as partes do porco que o senhor na Casa Grande não gostava. Mas não é bem assim.

A feijoada, enquanto prato de feijão cozido com carnes e legumes, não é de origem brasileira. Foi trazida pelos portugueses. O uso de feijão cozido na alimentação já vem desde o Egito e os hebreus. Só que eles usavam o feijão branco. Na Europa, temos vários pratos tipo feijoada com feijão branco ou fradinho como na França o Cassoulet. Em Portugal, o tradicional cozido de feijão branco, o Casoeula na Itália e o Puchero na Espanha. São os portugueses os responsáveis por trazer ao Brasil, a técnica e a combinação do cozido com carnes, que com o passar do tempo, e evolução dos costumes, foi acrescentado o feijão preto, criando assim a Feijoada. O Feijão preto é de origem sul-americana, e era parte da dieta dos índios nativos.
A história da feijoada – se quisermos também apreciar seu sentido histórico – nos leva primeiro à história do feijão. O feijão-preto, aquele da feijoada tradicional, é de origem sul-americana. Os cronistas dos primeiros anos de colonização já mencionam a iguaria na dieta indígena, chamado por grupos guaranis ora comanda, ora comaná, ora cumaná, já identificando algumas variações e subespécies.



O viajante francês Jean de Léry e o cronista português Pero de Magalhães Gândavo, ainda no século XVI, descreveram o feijão, assim como o seu uso pelos nativos do Brasil. A segunda edição da famosa Historia Naturalis Brasiliae, do holandês Willen Piso, revista e aumentada em 1658, tem um capítulo inteiro dedicado à nobre semente do feijoeiro.
O nome pelo qual o chamamos, porém, é português. Na época da chegada dos europeus à América, no início da Idade Moderna, outras variedades desse vegetal já eram conhecidas no Velho Mundo, aparecendo a palavra feijão escrita pela primeira vez, em Portugal, no século XIII (ou seja, cerca de trezentos anos antes do Descobrimento do Brasil).
Apenas a partir de meados do século XVI, começou-se a introduzir outras variedades de feijão na colônia, algumas africanas, mas também o feijão consumido em Portugal, conhecido como feijão-fradinho (de cor creme, ainda hoje muito popular no Brasil, utilizado em saladas e como massa para outros pratos, a exemplo do também famoso acarajé). Os cronistas do período compararam as variedades nativas com as trazidas da Europa e África, e foram categóricos, acompanhando a opinião do português Gabriel Soares de Souza, expressa em 1587: o feijão do Brasil, o preto, era o mais saboroso. Caiu no gosto dos portugueses.
RECEITA DE FEIJOADA
INGREDIENTES
• 1 kg de feijão preto
• 1 kg de linguiças: calabresa defumada, paio e portuguesa
• 250 g de lombo defumado
• 1 orelha de porco dessalgada
• 1 pé de porco dessalgado
• 1 rabo de porco dessalgado
• 1 língua de porco dessalgada
• 250 g de costelinha de porco dessalgada
• 250 g de carne seca dessalgada e cortada em cubos
• 100 ml de óleo de soja
• 1 cebola média picada
• 5 dentes de alho picado

MODO DE PREPARO
Em uma panela de pressão colocar o feijão preto lavado, a orelha, o pé, o rabo e o lombo defumado. Acrescentar água. Fechar a pressão e, assim que começar a apitar, contar cinco minutos. Depois desses cinco minutos, retirar a pressão, abrir a panela e transferir para uma panela maior. Acrescentar água quente, três dedos acima do feijão. Juntar as linguiças, as costelinhas e a carne seca. Deixar ferver e acrescentar água sempre que necessário, até que os grãos de feijão estejam macios, porém ainda firmes e inteiros.
Em uma frigideira colocar óleo de soja, acrescentar a cebola picada e deixar que ela fique transparente. Juntar o alho picado e refogar bem. Adicionar na frigideira do refogado uma concha do feijão e misturar. Levar tudo novamente para a panela do feijão. Retirar as linguiças e os pertences e fatiá-los. Outra vez, voltar tudo para a panela, misturar bem e deixar apurar até que fique com um caldo levemente grosso e brilhante.
Para que o feijão fique untuoso é imprescindível que partes como língua, rabo e orelha sejam cozidas junto. No entanto, uma opção para quem não aprecia é separar essas carnes depois do cozimento e servir em uma panela à parte.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

GASTRONOMIA ÁRABE E SUA INFLUÊNCIA NO BRASIL

GASTRONOMIA ÁRABE E SUA INFLUÊNCIA NO BRASIL 

Sebastião Breguez



O Brasil, que foi colonizado pelos portugueses, recebeu muita influência cultural árabe. Os árabes haviam invadido a Península Ibérica (Portugal-Espanha), onde permaneceram por oito séculos. Os árabes e seus descendentes tiveram a acolhida no Brasil facilitada pela existência de uma identidade cultural entre os dois povos provocada pela colonização portuguesa, pois Portugal trazia forte influência desses povos incorporada a seus hábitos. A herança trazida no terreno da comida foi sem dúvida das mais estimulantes. O povo árabe tem a tradição de comer com vontade e satisfação, e, segundo o costume, não é de bom tom recusar pedidos para que se repita os pratos, mesmo comendo mais do que se pretenda. Na cultura árabe, a comida representa uma importante base para a comunicação, e as refeições são o centro dos encontros familiares e círculos sociais.




Os kibes e esfihas por exemplo são consumidos por um número incalculável de brasileiros de todas as origens. Como também o pimentão recheado com carne moída, o 'charuto' de repolho, o couscous marroquino, o leite de cabra e de camelo e o gosto pelas especiarias, como acontece na elaboração da kafta, um tipo de almôndega, aromatizada com elas. A coalhada também é árabe. A utilização de ervas frescas, como salsa, hortelã, coentro, alecrim, de condimentos como açafrão, noz moscada e canela, ou outros mais picantes como a harissa – uma pasta feita de pimenta malagueta, muito forte em receitas árabes.


Sabores da Culinária Árabe
Existe uma forte ênfase nos seguintes itens, na culinária árabe atual:
CARNE 
Carneiro e frango são as mais usadas, enquanto carne bovina e de camelo também são usadas com menor intensidade, juntamente com outros tipos de pássaros e, nas áreas litorâneas, peixes. Carne de porco nunca é comida - para os árabes muçulmanos é tanto um tabu cultural quanto é um alimento proibido sob a lei islâmica, enquanto os cristãos árabes também evitam o alimento, possivelmente por não ter desenvolvido o gosto por ele. O carneiro é o principal animal consumido. Sua carne é assada ou guisada, normalmente recheada e ricamente temperada. A carne de cabrito também chega às panelas, assim como a galinha e o peru. A carne de cabrito, a galinha e o peru também são apreciados.
LATICÍNIOS 
Amplamente utilizados, especialmente as variedades do iogurte e o queijo branco. Manteiga e creme de leite também são utilizados com fartura.
ERVAS E ESPECIARIAS 
Menta e tomilho (freqüentemente numa mistura chamada de za'atar) são muito disponíveis e usados constantemente; as especiarias são menos utilizadas do que na culinária indiana, porém a quantidade e os tipos geralmente variam de região para região. Algumas das ervas e especiarias utilizadas são o gergelim, o açafrão, o açafrão-da-índia, o alho, o cominho, a canela e o sumagre. Uma mistura de especiarias muito comum é o baharat.
BEBIDAS
Bebidas quentes são mais consumidas do que as frias; o café ocupa o topo da lista, especialmente nos países do golfo Pérsico, embora o chá seja servido na maioria dos países árabes. No Egito o chá é a bebida mais importante.
GRÃOS
O arroz é um alimento básico, usado para a maior parte dos pratos, e o trigo é a principal fonte usada nos pães, também muito consumidos. Na falta de carne, ganham destaque os grãos, como o trigo, a lentilha, a ervilha, o grão-de-bico e o arroz. O bulgur e a semolina também são muito utilizados. Favas são típicas do Egito, presentes no fool midammis, sopa bem grossa à base de feijão, servida normalmente durante o café da manhã.
LEGUMES
As lentilhas são amplamente consumidas, juntamente com as favas e o grão-de-bico.
FRUTAS E OUTROS VEGETAIS
Esta culinária também utiliza muito diversos vegetais, como por exemplo o pepino, a berinjela, a abobrinha, o quiabo, a cebola além de frutas, especialmente as cítricas. Estes vegetais costumam ser usados como temperos ou entradas. Azeitonas são importante na culinária árabe, juntamente com tâmaras, figos e romãs. São preparados recheados e em conserva, Na Síria e no Líbano, eles recebem o nome de mehchi; na Turquia, dolmas; na Grécia, dolmathes; no Irã, dolmeh. Entre os principais legumes usados estão a abobrinha, repolho, folha de videira ou de parra, acelga, tomate, pimentão e berinjela.
Vegetais em conserva, os kabees ou torshi são muitos populares e servidos como entrada ouacompanhamento. São essenciais na culinária árabe.
Técnicas agrícolas transformaram o deserto em férteis campos verdes, onde crescem uvas, figos, romãs, ameixas, damascos, amêndoas, pistaches, avelãs, pinhões, tâmaras, azeitonas, goiabas, mangas, laranjas, bananas, abacates e melões. As frutas são encontradas nos mercados ao natural, cristalizadas e secas. São usadas no preparo de bolos, pudins, caldas, geléias, saladas, ensopados de carne, doces, refrescos, xaropes e licores.
NOZES
Pinhões, amêndoas e pistaches são muito consumidos. 
FOLHAS VERDES
A salsa e a hortelã são populares como temperos em diversos pratos, enquanto o espinafre e o córcoro (chamado de molokhia, em árabe) são usados noutros. Largamente apreciados também são as verduras e os legumes recheados e em conserva, os quibes e esfihas, as frutas secas e a coalhada.
MOLHOS
Os mais populares incluem diversas combinações de azeite, suco de limão, salsa, alho e tahini (pasta de grão-de-bico). O labaneh, uma espécie de iogurte mais fino, costuma ser temperado com hortelã, cebola e alho, e servido como molho em diversos pratos.
As favas são típicas do Egito, presentes no fool midammis, sopa bem grossa à base de feijão, servida normalmente durante o café da manhã e o falafel, que já faz parte dos cardápios de outras nações árabes.
PEIXE
É abundante no litoral do Oriente Médio. Os principais: salmonete, o peixe-espada e a sardinha marinados. Os pratos são temperados com uma rica seleção de especiarias e molhos. Na mesa, todos são regados a azeites de oliva.
ESPECIARIAS 
São muito utilizadas na culinária árabe para dar sabor ou perfume aos alimentos. As mais utilizadas são semente de anis, alcaravia, cravo-da-índia, cominho, gengibre, sumagre, noz-moscada, macis, semente de gergelim, alho, cebola, snubar e pimenta-da-jamaica. Entre as ervas são usados manjericão, coentro, endro, funcho, manjerona, hortelã, salsa, alecrim e salva, açafrão e cardamomo. E como aromatizantes o almíscar, âmbar, água de rosas e água de flor de laranjeira. É comum cada país possuir seu próprio mix de especiarias, encontrado já pronto no comércio. Os sírios fazem a bahar e a pimenta síria, que geralmente leva cravo, canela, noz-moscada, gengibre, pimenta-da-jamaica e pimenta-do-reino preta e branca.. Na Jordânia e no Líbano, existe a zahtar, mistura de folhas de zahtar, manjerona, tomilho, sementes de gergelim torradas e as bagas vermelhas e amargas do sumagre. Os iemenitas preferem a zhug, pasta de cardamomo, cominho, alho e malagueta moídos que faz arder os lábios.

Ainda dentro de um conhecimento geral a respeito da culinária libanesa, destacamos produtos que não são comuns em nossas terras e ficaram praticamente restritos ao Oriente:
• ÁGUA DE ROSAS e ÁGUA DE FLOR DE LARANJEIRAS (MA'WARD e MA'ZAHR) - Líquidos bastante perfumados, extraídos de flores e utilizados em doces e caldas.
• ALMÍSCAR (MISK) - Resina vegetal utilizada para aromatizar doces
• ARAK - Aguardente destilado de uvas e aromatizado com anis.
• CARDAMOMO (HÂL) - Sementes utilizadas secas no café.
• ESSÊNCIA DE ROMÃ (DIBS RUMMAN) - Xarope de suco de romã azeda, utilizado em substituição ao limão.
• PIMENTA SÍRIA (BHAR) - Mistura de especiarias moídas, tais como: pimenta da Jamaica, pimenta do Reino preta e branca, canela, noz moscada e cravo.
• PINHOLES (SNOUBAR) - Pinhões característicos do Mediterrâneo, cuja árvore precisa de cem anos para começar sua produção. Usado em ocasiões festivas nos recheios e decorações de pratos.
• SUMAGRE (SUMMAC) - Pó com gosto bastante ácido, obtido da fruta com mesmo nome e usado
para temperos de carnes.
• ZÁHTAR - Especiaria composta por SUMMAC e SEMENTES DE GERGELIM
• TOMILHO SECO - Usado como tempero em saladas, na coalhada seca ou acrescido de azeite de oliva e sal e comido com pão Árabe.

Junto com as sedas e especiarias vindas do extremo oriente, chegaram a Bagdá as massas e o sorvete. E, das cozinhas persas, passaram aos árabes, que os trouxeram para o ocidente. Da China veio o arroz, a cana-de-açúcar e algumas aves. A técnica do sorvete (do árabe, xarib) foi da China para a Índia e de lá para a Pérsia, onde há registros de que no séc. VI já se fazia sorvetes de água de rosas, frutas e pistaches.
A cozinha dos árabes do deserto, os primeiros muçulmanos, compunha-se de alimentação simples, de carne, poucos vegetais e pouquíssimo peixe. As conquistas muçulmanas puseram os árabes em contato com a cozinha bizantina e, através do comércio, com os produtos exóticos das já citadas China e Índia.
Desses povos os árabes herdaram seu fascínio pelas especiarias e por misturar o doce com o salgado. É bom lembrar que os países árabes são muitos, estendendo por todo o norte da África e Oriente Médio, cada lugar com características próprias. Em geral, os países da costa do Mediterrâneo têm uma cozinha mais rica e variada, destacando-se o Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Líbano, Jordânia e Palestina. No receituário árabe, predominam cozidos e guisados.
Além da carne, são famosos na cozinha árabe o Babaganuj, um paté que, no Egito, é feito de berinjela assada, com tahine (pasta de gergelim), suco de limão, azeite e alho; o hummus bi tahine (pasta de grãode-bico) e o tabule, um prato libanês feito de trigo moído, com tomates, cebola, hortelã e pepino, temperado com azeite e suco de limão. Essas pastas são comidas com pão ou folhas.
No séc. VI os bizantinos já cultivavam, na Espanha, o arroz, mas foram os árabes que desenvolveram esse cultivo. Ziryab, escritor de Bagdá do século IX, deixou registrado como se comia na Espanha, sentados sobre almofadas ao redor da mesa baixa, servindo-se diretamente das bandejas, sem pratos individuais. Não usavam talheres, e tinham o pão como acompanhamento.
M'luhie* - "O Prato dos Deuses", um prato nobre da cozinha árabe, é originário do Egito. Servido habitualmente nos meses de verão e em ocasiões especiais de confraternização, este prato (refogado de frango e músculo) tem como importante característica a sua excepcional digestão. Também é praticamente o único prato da cozinha árabe que dispensa a presença de qualquer outra comida à mesa.

EMPRESARIO PRODUZ CARNE DE CAJU

FORTALEZA, CE
EMPRESARIO PRODUZ CARNE DE CAJU
Por Sebastião Breguez


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Sebastião Breguez, Jaime Aquini e Padre Vieira
Carne vegetal de Caju. Este é o novo produto que o empresário de Fortaleza, capital do Ceará, Nordeste do Brasil, Jaime Aquino, 74, que é o maior produtor e exportador de caju ( uma fruta tropical muito comum no Nordeste do Brasil) do mundo, está lançando no mercado. Ele é dono da CIONE-Companhia Industrial de Óleo do Nordeste, uma empresa que fatura por ano cerca de US$ 16 milhões com exportação da castanha ( semente da fruta ) e agora está produzindo carne de caju e revolucionando a culinária brasileira. Sua decisão pode revolucionar o setor de alimentos, além de expandir a economia com o ingresso de micro e pequenos empresários do setor agro-alimentício.


O caju sempre foi um produto importante na agricultura do Nordeste do Brasil, pois sua castanha é utilizada na alimentação, principalmente, nas festas de Natal e Ano Novo como tira-gosto nos coquetéis. Mas a carne da fruta é desprezada e, na maioria das vezes ‚ jogada fora. Cansado de ver 27 milhões do pedúnculo ( parte do caju sem a castanha) ser desperdiçados todos os anos, enquanto as castanhas são exportadas para vários países do Mundo, o empresário fez pesquisas e começou a fazer pratos variados com o caju. Com gosto mais próximo da carne bovina do que a soja, a carne de caju pode ser utilizada para produzir moquecas, almôndegas, pastéis, quibes, frituras diversas, coxinhas, bolinhos salgados, rissoles, além de tortas doces e suflês.


Depois de tomar a decisão de explorar o caju na culinária, o empresário Jaime Aquino partiu para uma cruzada educativa nos meios de comunicação. Esteve em várias rádios e TVs de Fortaleza com o objetivo de divulgar o seu novo produto. No programa de TV de maior audiência no estado, o 'Ceará Caboclo', apresentado pelo poeta Carneiro Portela, ele mostrou os principais pratos que podem ser preparados com o caju e pediu ao seu cozinheiro, José Ari Ferreira da Silva,38, para explicar e dar as receitas.

O caju é uma fruta rica em fibras, vitamina C e sais minerais ( cálcio, ferro e fósforo), mas somente a sua castanha tem sido aproveitada comercialmente. No Ceará, a castanha de caju ocupa o primeiro lugar das exportações. O pedúnculo, entretanto, é completamente desperdiçado. Segundo o diretor do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará-UFC, Raimundo Williane de Figueiredo, 94% de toda a produção do pedúnculo vai para o lixo. Os 6% restante são utilizados na indústria de sucos e doces.
"Nunca me conformei de ver tanto pedúnculo desperdiçado, enquanto milhões de pessoas passam fome", desabafa Jaime Aquino. Ele atua no setor há 34 anos. Desta forma, o empresário resolveu montar no refeitório de sua empresa, a CIONE, com sete mil funcionários, um 'restaurante do caju'. Ali ele recebe diariamente um grupo seleto de pessoas - jornalistas, políticos, empresários, artistas - para saborear as delícias do caju. Sua idéia é transformar o caju no componente número um da mesa da população do Nordeste e de todo brasileiro do Sul.
A produção de castanha de caju do Ceará , no ano passado, foi de 74 mil toneladas e a safra prevista para este ano é de 100 mil toneladas. Somente a CIONE, empresa que lidera as exportações, fatura 16 milhões de dólares/ano. Seu mercado abrange os Estados Unidos, Europa, Líbano, Japão, América do Sul.
RECEITAS DO CAJU
==>1) MOQUECA DE CAJU
Ingredientes
10 cajus maduros e consistentes
1 tomate, 1 pimentão verde, 1 cebola
2 colheres de sopa de azeite de dendê, sal e pimenta

Modo de fazer
Lavar os cajus e cortá-los em cubos.
Deixar escorrer um pouco. Refogar o dendê com tomate, cebola e pimentão. Se quiser, pode adicionar cheiro verde. Pimenta e sal à gosto. Depois de refogado,
colocar o caju e leite de coco e deixar cozinhar por 30 minutos.

==>2) CARNE DE CAJU
Ingredientes

10 cajus maduros e consistentes.
Tomates, pimentão, cebola, sal e pimenta.

Modo de fazer
Passe os cajus no liquificador e depois numa peneira para retirar o máximo do suco. Ponha em seguida numa panela e leve ao fogo, mexendo sem parar até‚ enxugar totalmente. Tempere com duas colheres de óleo e as verduras picadas, sal e pimenta. Fica com aspecto de carne moída. A carne pode ficar pronta congelada para ser usada nos pratos.
==>3) FRITADA DE CAJU
Ingredientes
4 ovos
Carne de caju pronta
2 colheres de maizena.
Margarina para fritar

Modo de Fazer
Bata as claras, as gemas e misture a maizena. Em seguida, coloque a carne de caju já pronta e misture. Asse na margarina até dourar.
==>4) OMELETE DE CAJU
Ingredientes
4 ovos.
2 colheres de sopa de maizena.
Margarina para fritar.
Carne de caju.


Modo de Fazer

Bata as claras em neve e adicione a gema e a maizena. Em separado, a carne de caju já deve estar pronta. Ponha a margarina para derreter e parte da mistura de ovos. Recheie com a carne de caju e cubra com o restante dos ovos. Virar e servir quente.
==>5) BIFE DE CAJU
Ingredientes
300gramas de carne de caju preparada.
2 colheres de farinha de trigo.
óleo para fritar

Modo de preparar
Misture a carne de caju já pronta com a farinha de trigo. Forme os bifes com as mãos e frite em óleo quente.
==>6) BOLINHOS DE CAJU
Ingredientes
Massa para fazer bife ( carne pronta de caju com a farinha de trigo).
Farinha de rosca.

Modo de Fazer
Forme as bolinhas com a massa e passe na farinha de rosca. Fritar em óleo quente.
==>7) TORTA SALGADA DE CAJU
( Para 4 pessoas )

Ingredientes
12 cajus médios sem casca.
2 cebolas grandes.
2 pimentões verdes médios.
2 tomates.
4 dentes de alho batidinhos.
3 colheres (sopa) de azeite.
5 limões.
4 ovos.
Coentro e cebolinha batidos.

Modo de fazer
Esprema os cajus e coloque em vasilha com água e limão. Depois esprema novamente os cajus e desfie bem fininho com a ajuda de um palito. Coloque em outra vasilha com água e limão. Depois, leve a vasilha ( com os cajus e a água de limão) ao fogo por 40 minutos. Escorra bem e comece a prepara-los. Bata no liquidificador as cebolas, pimentões e tomates com meio copo de água. Ponha o caju numa panela e adicione a mistura de cebola, pimentão, tomate. Coloque sal e leve ao fogo até quase secar. Refogue no azeite o alho e o caju, junte o cheiro verde e reserve. Bata quatro ovos inteiros com um pouco de sal. Ponha a metade em um pirex, em seguida o caju refogado, e, por cima, o restante dos ovos batidos. Asse em forno moderado, desenforme e sirva.
Mo

FESTAS JUNINAS, UM NOVO CARNAVAL

CARNAVAL JUNINO AGITA O BRASIL

PROF. DR. SEBASTIÃO BREGUEZ,



O Brasil vive três estações de festas populares, que marcam os ciclos festivos de fundo folclórico do país:
o Carnaval em fevereiro/março;as festas juninas ou Carnaval Junino em junho/julho, e o Natal, em dezembro.
Designa-se Carnaval Junino o espetáculo do conjunto das festas juninas com as quadrilhas, as fogueiras, as superstições, as brincadeiras,a gastronomia e as competições dos grupos quadrilheiros em busca da melhor premiação e visibilidade na mídia.

O Brasil vive no mês de junho a agitação das festas juninas em homenagem aos três santos mais populares do Brasil: Santo Antônio, santo dos namorados (aqueles que querem se casar), São João Batista, santo dos casados e São Pedro, santo dos viúvos. Estas festas são importantes no calendário folclórico do país.
A quadrilha, a fogueira e o festival de gastronomia típica são os ícones mais visíveis das festas. Mas a dança, com sua indumentária cada vez mais sofisticada, criativa, atraente e colorida atrai centenas de pessoas para as competições que acontecem não nos sambódromos, mas nos palcos ou junibódromos.. A competição pelo primeiro lugar é tão forte como no carnaval.
Existem dezenas de práticas religiosas e superstições em torno dos três santos comemorados nas festas juninas. Fazem-se compadres, saltando tições de mãos dadas. Caminha-se de pés descalços sobre os brasileiros da fogueira. Moças e rapazes tiram sortes e interpretam sinais recolhidos sob formas de processos ritualísticos na noite de 23, véspera de São João. Diz a lenda que São João dorme enquanto é comemorado. O mundo acaba, caso acorde nessa noite.
Na gastronomia não pode faltar amendoim, canjica, pipoca, batata assada, quentão ou jenjibirra, caldos de mandioca, feijão ou canjiquinha e outros, além de doces diversos. É um festival gastronômico de comidas salgadas, doces, fritas ou assadas. Cada região há predominância dos pratos típicos do lugar.
As festas juninas, entretanto, estão impondo no Brasil um novo calendário festivo ao lado do Carnaval e do Natal. Atraem centenas de pessoas e é um fenômeno que está presente em todos os estados do país, mantendo suas expressões locais e regionais de indumentárias e de gastronomia.
A quadrilha é uma das manifestações das Festas Juninas que são muito importantes no calendário folclórico do Brasil. Elas acontecem no mês de junho em homenagem aos três santos mais populares do povo; Santo Antônio, santo dos namorados ou daqueles que querem se casar; São João Batista, santo dos casados, e São Pedro, santo dos viúvos.
Estas festas têm origem na Antiguidade e acontecem quando há os solstícios de inverno (24 de junho) e de dezembro (24 de dezembro) quando há respectivamente o nascimento de João Batista e de Jesus Cristo. Estas datas correspodem às estações de inverno e de verão. Desde os povos nórticos (eslavos, por exemplo), os gregos e os romanos festejam nestas datas os seus deuses pagãos com fogueiras, danças e devoções diversas.
Para nós, as festas juninas foram introduzidas pelos portugueses no Brasil Colônia e foram incorporadas à cultura brasileira. São uma contribuição do branco ao folclore nacional. As festas juninas sempre foram importantes no nordeste brasileiro. Mas elas existem em todo o Brasil. O que está mudando são a indumentária e as vestimentas que estão cada vez mais requintadas.
Pode-se dizer que Minas Gerais tenham a maior quantidade de quadrilhas do Brasil. Em seus 853 municípios existem escolas municipais, estaduais e particulares. Em cada escola há representação de quadrilhas nos meses de junho e julho. Portanto, é uma quantidade significativa e mostra que as festas juninas, as quadrilhas, a fogueira e a culinária típica é uma das maiores do Brasil.
Mas de onde vem a quadrilha? Não há dúvida alguma que ela chegou ao Brasil através da França. Mário de Andrade a define como "dança de salão, aos pares, de origem francesa, e que no Brasil passou a ser dançada também ao ar livre, nas festas do mês de junho, em louvor a São João, Santo Antônio e São Pedro. Os participantes obedecem às marcas ditadas por um organizador de dança. O acompanhante tradicional é a sanfona". Os estudiosos e pesquisadores musicais dizem que ela foi introduzida no Brasil no século de 19, com a vinda da Corte Real Portuguesa e com as várias missões culturais francesas que estiveram no país na mesma época. E a quadrilha chegou, a São João, Santo Antônio e São Pedro. Para não mais deixar.
Existem duas explicações para o termo festa junina. A primeira explica que surgiu em função das festividades ocorrem durante o mês de junho. Outra versão diz que está festa tem origem em países católicos da Europa e, portanto, seriam em homenagem a São João. No princípio, a festa era chamada de Joanina. De acordo com historiadores, esta festividade foi trazida para o Brasil pelos portugueses, ainda durante o período colonial (época em que o Brasil foi colonizado e governado por Portugal).
Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha.
Todos estes elementos culturais foram, com o passar do tempo, misturando-se aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas.
Festas Juninas no Nordeste
Embora sejam comemoradas nos quatro cantos do Brasil, na região Nordeste, as festas ganham uma grande expressão. O mês de junho é o momento de se fazer homenagens aos três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio. Como é uma região onde a seca é um problema grave, os nordestinos aproveitam as festividades para agradecer as chuvas raras na região, que servem para manter a agricultura.
Além de alegrar o povo da região, as festas representam um importante momento econômico, pois muitos turistas visitam cidades nordestinas para acompanhar os festejos. Hotéis, comércios e clubes aumentam os lucros e geram empregos nestas cidades. Embora a maioria dos visitantes seja de brasileiros, é cada vez mais comum encontrarmos turistas europeus, asiáticos e norte-americanos que chegam ao Brasil para acompanhar de perto estas festas.
Comidas típicas
Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados, relacionados às festividades, são feitos deste alimento. Pamonha, cural, milho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos. Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bombocado, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente, batata doce e muito mais.
Tradições
As tradições fazem parte das comemorações. O mês de junho é marcado pelas fogueiras, que servem como centro para a famosa dança de quadrilhas. Os balões também compõem este cenário, embora cada vez mais raros em função das leis que proíbem esta prática, em função dos riscos de incêndio que representam.
No Nordeste, ainda é muito comum a formação dos grupos festeiros. Estes grupos ficam andando e cantando pelas ruas das cidades. Vão passando pelas casas, onde os moradores deixam nas janelas e portas uma grande quantidade de comidas e bebidas para serem degustadas pelos festeiros.
Já na região Sudeste são tradicionais a realização de quermesses. Estas festas populares são realizadas por igrejas, colégios, sindicatos e empresas. Possuem barraquinhas com comidas típicas e jogos para animar os visitantes. A dança da quadrilha, geralmente ocorre durante toda a quermesse.
Como Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro, são comuns as simpatias para mulheres solteiras que querem se casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas distribuem o “pãozinho de Santo Antônio”. Diz a tradição que o pão bento deve ser colocado junto aos outros mantimentos da casa, para que nunca ocorra a falta. As mulheres que querem se casar, diz a tradição, devem comer deste pão.
Hoje já se sabe que a quadrilha, apesar de sua difusão francesa, tem origens um pouco diferentes. Estudos comparativos, realizados, principalmente por pesquisadores musicais, colocam o nascimento da quadrilha na Inglaterra. Foi naquele país, por volta dos séculos 13 e 14, que teria surgido uma dança popular, executada pelos que trabalhavam no campo.
Era uma dança camponesa, uma dança roceira, uma dança rural. E o que é campo, roça,rural em inglês? A resposta é "country" e a dança executada pelos camponeses era uma"country dance" que nós poderíamos traduzir, ao pé da letra, em português do Brasil, como sendo uma dança roceira, uma dança rural, uma dança caipira.
Para nós, a quadrilha veio da Áustria, com a guarda de honra da princesa imperial, esposa de Pedro I. Veio no conjunto de outras danças de salão, dentre as quais sobressai o "galope". Os jornais do Recife, Rio e São Paulo, do século XIX, trazem programas de festas, carnavalescas inclusive, onde tais danças estavam programadas.
A confusão é por conta da língua em que era "gritada" a marcação da quadrilha, o francês ("En avant toutes..."). Na época o idioma francês era falado por toda nobreza europeia e por boa parte da oficialidade egressa das academias militares de todos os países (Áustria, inclusive e até a distante Rússia). No Brasil, também: lembra da frase de Pedro I ao embarcar a imperatriz ("Madame, priez d'atencion! Vous êtes sans cullote!).
Aqueles soldados levaram a dança para os cabarés do Rio de Janeiro... pronto. Começou a dinâmica, que deu no que deu!
Hoje, a televisão incentiva o surgimento de um folguedo "novo", com forte tendência para o pornográfico no entrecho dramático (o casamento matuto) e coreografias que imitam danças europeias de marcação rigorosa (para os homens) e o quase único passo feminino, que somente se restringe a levantar as saias. É a chamada "quadrilha extilizada", isso mesmo, "extilizada", que é espetacularesca mas está muito longe de ser carnavalesca (pelo menos do padrão carnavalesco que se "brinca" no Recife, Salvador e Rio de Janeiro) seja porque o povão dela não faz parte, seja porque os conjuntos são sempre padronizados (parece que os brincantes estão fardados: você vendo uma fantasia, viu todas).
O professor Paulo de Carvalho-Neto chamava a isso de "folclore in statu nasciendi", agora com uma dinâmica "forçada" pela rede Globo no Nordeste. À medida que foi se popularizando, principalmente no Brasil e em Portugual, o nome "quadrilha" foi começando a ser usado, seguindo, aliás, uma terminologia utilizada na Espanha e na Itália, onde identificava a contradança, dançada por quatro pessoas. Desta "quadrilha de quatro" derivou a "quadrilha geral".
É PRECISO CASAR
O casamento na roça, uma teatralização que, quase sempre, acompanha e integra uma festa junina, não possui, necessariamente, um modelo único. Apesar desta variação, há personagens que quase sempre nunca faltam. Claro, o "noivo e a noiva" não podem faltar. Os pais da noiva, principalmente o pai, armado com uma espingarda daquelas de carregar pela boca, para forçar o noivo a "cumprir o dever". Os pais do noivo, uma namorada também do noivo, que tenta, na última hora, não deixá-lo casar, amigos e amigas do casal, estão sempre presentes. E o padre, evidentemente. Como se pode ter casamento na roça sem o seu vigário? Um padre Bonachão que se transforma na figura mais importante da festa, contando, para isso, com a importante contribuição de uma viúva beata. O casamento termina em quadrilha.
É HORA DA QUADRILHA!
A quadrilha é o momento mais esperado da festa. Depois de casar os noivos, começa o arrasta-pé.
1. Vamos entrando!
Os pares entram de braços dados no arraial, as damas à esquerda dos cavalheiros. Os noivos ficam na frente da fila. Depois, damas e cavalheiros
se separam, formando uma fila de cada lado.
2 - Cavalheiros cumprimentam as damas!
Com os braços atrás das costas, os cavalheiros se aproximam de suas damas e as cumprimentam tirando os chapéus.
Depois, voltam de costas para os seus lugares.
3 - Damas cumprimentam cavalheiros!
Agora é a vez das damas irem até os cavalheiros para cumprimentá-los. Elas também voltam de costas para os seu lugares.
4 - Balancê!
As duas filas se aproximam e os pares requebram frente a frente.
5 - Tour!
Os pares dançam juntos, girando sem sair do lugar.
6 - Começa o passeio!
De braços dados, os casais saem andando até formarem um círculo.
7 - A grande roda!
Todos formam uma roda e giram para a direita.
8 - Damas ao centro!
As damas passam para dentro do círculo formando uma roda.
As damas giram para a direita e os cavalheiros para a esquerda.
9 - Cavalheiros procuram suas damas!
As damas param e os cavalheiros continuam rodando até alcançarem suas companheiras. Eles param à direita delas.
10 - Coroar!
De mãos dadas, os cavalheiros levantam os braços, passando-os por cima da cabeça das damas. Depois, damas e cavalheiros giram para a direita.
11 - Cavalheiros ao centro!
Todos formam a grande roda de novo. Depois, os cavalheiros passam para dentro do círculo e giram para a direita. As damas giram para a esquerda.
12 - Damas procuram seus cavalheiros!
Cavalheiros param e damas continuam rodando até alcançarem seus parceiros. Elas param à esquerda dos seus cavalheiros.
13 - Coroar!
De mãos dadas, as damas levantam os braços passando-os por cima da cabeça dos cavalheiros. Todos giram para a direita.
14 - O caracol!
Forma-se uma nova roda. Depois, o noivo solta a mão direita e vai puxando os outros para dentro da roda, formando um caracol. Chegando ao centro, ele faz o caminho de volta.
15 - Caminho da roça!
Os que forem saindo do caracol formam uma fila única. Todos saem dançando, sempre em fila.
16 - Olha a chuva!
Cobrindo a cabeça com as mãos, todos dão meia-volta e começam a andar para o outro lado.
17 - É mentira
Todos voltam dizendo "Aaahhh!".
18 - Olha a cobra!
Os dançarinos pulam, gritam e dão meia-volta.
19 - Já mataram!
Os participantes voltam dizendo "Aaahhh!"
20 - Continua o passeio!
Os pares continuam o passeio de braços dados, com os noivos na frente.
21 - Atenção! Preparar para o travessê!
Sem parar de dançar, os pares se dividem. Um casal vai para a direita e outro vai para a esquerda, formando duas filas.
22 - Travessê de damas!
Ao ritmo da música, as damas aproximam-se umas das outras, balançando as saias com as mãos, e então se cumprimentam.
23 - Agora é a vez dos cavalheiros!
Os cavalheiros se cumprimentam.
24 - Preparar o galope!
Os casais se abraçam como se fossem dançar.
25 - Começar!
O primeiro casal de uma fila (os noivos) e o último casal da outra fila trocam de lugar, dançando bem rápido.
E assim por diante até todos mudarem a fila. Quando terminarem, os dois outros casais seguintes trocam de lugar.
26 - Descruzar!
Da mesma maneira, os noivos recomeçam a troca e todos voltam aos seus lugares.
27 - Continua o grande passeio!
De braços dados, os casais formam uma fila só e passeiam em ziguezague.
28 - Olha o túnel!
Os noivos ficam frente a frente e, de mãos dadas, levantam os braços. O casal seguinte passa por baixo e, em seguida, também ajuda na formação do túnel e assim por diante.
continuam o passeio. Os outros fazem o mesmo. Quando o túnel estiver totalmente formado, os noivos o atravessam e
29 - Agora, a despedida!
Em fila, os pares vão se despedindo dos convidados. As damas acenam com as mãos e os cavalheiros com os chapéus.
NOTAS
1. Quadrilha quer dizer quatro, dois pares na dança, e tem sentido militar das ordens dos cavaleiros da Idade Média.
2. A linguagem da dança é francês mesmo.
3. É uma dança que mostra a influencia do branco europeu na construção do folclore brasileiro. Assim, ela aparece como expressão da cultura erudita da elite dominante. Depois migra para a cultura popular (folclore) das classes subalternas, folcloriza-se. E hoje é apropriada pela Cultura de Massa como espetáculo que dá audiência e atrai multidões. Faz parte da indústria cultural.
4. Em 2012, a TV Globo promoveu 'o maior São João do Brasil' em Minas Gerais, na cidade de Santa Luzia, a 25 Km de Belo Horizonte, na Fazenda Boa Esperança, patrimônio histórico do município. Fizeram chamadas para a festa durante uma semana e durante o jornal de maior audiência em Minas. Fizeram cobertura do evento no jornal da manhã, da tarde e da noite. Houve festival de quadrilhas que ostentavam vestimentas mais requintadas com júri que escolheu o melhor grupo com premiação. Também o festival de gastronomia típica. A fogueira também não faltou e com os fogos de artificio (OBS: a pólvora é chinesa!). O que chamou atenção foi o show de Elba Ramalho, Luan Santana, Michel Telo. Houve uma correira para compra dos ingressos. Foi um sucesso de bilheteria e de público. Também o ARRAIA DE BELO, promoção da Belotur (empresa da Prefeitura de BH para o turismo) é sucesso. Ele é promovido pela diretoria de marketing que faz o evento nos principais bairros populares de Beagá.
5. Com todo este movimento, os dançarinos de quadrilha estão buscando a profissionalização. Criaram sindicatos, associações, federações, confederações para ter representatividade na sociedade civil. Buscam o reconhecimento da profissão e fazem lobby junto aos deputados para criar a PROFISSÃO DE QUADRILHEIRO. Eles tem sede, oferecem oficinas para ensinar danças, músicas, gastronomia ou curso de costura de roupas para quadrilha. Fazem apresentações pagas em diversos ponto do país e exterior. Acabam promovendo - como o carnaval - a festa junina temporão, fora de época.
6. É neste quadro que escrevi o artigo.
7. A quadrilha é exemplo importante para os estudiosos da Folkcomunicação porque ela circulou nas três culturas: erudita ->popular->de massa=industria cultural.