quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

STF, RENAN E O JEITINHO BRASILEIRO

 STF, RENAN E O JEITINHO BRASILEIRO

O Caso Renan-STF, que marcou a cena política desta semana, mostrou bem o jeitinho brasileiro na briga entre os Legislativo e o Judiciário. Valeu a malandragem para driblar a crise politica. 





O Brasil termina o ano de 2016, um ano cheio de mudanças bruscas na política nacional e a institucionalização de uma pratica politica jaguncista em oposição à Constituição Brasileira. Predominou o jeitinho brasileiro ou a malandragem política. O Brasil se transformou oficialmente em uma pátria sem lei com a anuência dos três poderes e com apoio da mídia.


O STF-Supremo Tribunal Federal ao manter o senador Renan Calheiros na Presidência do Senado, mas não na linha sucessória da Presidência da República, agiu não de forma constitucional, mas com uma espécie de jeitinho para evitar uma crise política maior do que já tivemos até agora em 2016. Alias, aconteceram manifestações populares nas ruas pedindo a saída de Calheiros da cena politica nacional. Mas Renan, como um sultão, permanece no poder como se fosse o rei: Rei Nan.

O jeitinho brasileiro é o do arranjamento das coisas. Decidi-se pelo mais fácil, mais prático, evitando sair rápido de uma crise maior. Evita-se sair pela porta principal, mas sai pela portas dos fundos. O jeitinho está na malandragem que marca o comportamento do brasileiro desde a origem no Brasil Colônia. Um jeito debochado, apressado, leviano, sem pensar muito, sem seriedade, desacreditando as leis e as instituições.

Houve de tudo em 2016: desde impeachment de uma presidente eleita pelo voto popular até destituições e  falcatruas diversas. O povo esteve na rua com manifestações, mas a manipulação da mídia orientou a massa da esquerda para a direita e vice-versa. Tudo terminando com pizza e cerveja. Saímos do reino da decência para a imoralidade.

Dilma foi destituída da Presidência da República, Cunha também foi destituído e preso por corrupção. Temer assume o governo em meio a maior crise institucional brasileira num sai e sai de ministros envolvidos com a corrupção. Um juiz enfrenta os poderosos e manda presos os maiores empresários brasileiros, todos envolvidos em corrupção.

Durante todo o ano o povo esteve nas ruas para manifestação em vários sentidos. Agora está lutando para receber salários e manter direitos. Cerca de 20 estados brasileiros estão decretando falência financeira e sem poder pagar os salários dos servidores e nem 13º salário de 2016. Como houve manipulação midiática e a massa aceitando tudo como se estivesse sonhando acordado.

Enfim, entramos no caos, trocamos as leis pelo jeitinho, saímos da decência para entrar na malandragem, que é o reino da imoralidade. 

Alguém já havia dito, é justamente pelo “jeitinho” brasileiro que o Brasil não tem mesmo jeito.












JUBILEU SANTA LUZIA, UMA DAS GRANDES ROMARIAS DO BRASIL

JUBILEU SANTA LUZIA, UMA DAS GRANDES ROMARIAS DO BRASIL





Esta semana centenas e centenas de romeiros chegam a Santa Luzia, na Grande-Belo Horizonte para rezar para Santa Luzia, a santa dos olhos. Dia 13 dezembro é o dia de Santa Luzia, ponto máximo da festa. Eles vêm de todo o Brasil. Santa Luzia se transforma e oculista do povo na cura dos males da visão. 

Santa Luzia (ou Lúcia) foi uma jovem de Siracusa (Palermo, Itália), cujos olhos, de extraordinária beleza, fascinavam a todos que se encontravam com ela e tinha oportunidade de conversar e apreciar seu belo rosto. Convertida a religião cristã, fez voto de virgindade e distribuiu seus bens entre os pobres. Durante a perseguição contra a Igreja nascente, na época do imperador Diocleciano, foi denunciada ao tribunal pagão e condenada a ser violada. Porém, devido a misteriosa força, ninguém conseguiu removê-la do lugar onde se achava, nem mesmo uma parelha de bois. Envolvida em resina, foi lançada a uma fogueira. Contudo, nem as chamas se atreveram a tocá-la, por isso terminou os seus dias trespassada por uma espada.
A jovem santa é representada com a palma do martírio em uma das mãos e a outra segurando um prato com dois olhos, pois, segundo a lenda, ela os teria arrancado das órbitas e oferecido ao seu ex-noivo, o Prefeito Pascasio, que se enamorara dela, sobretudo pela beleza do olhar, afastando assim o amor dos homens e a vaidade pessoal, para dedicar-se somente ao serviço de Deus.
O culto de Santa Luzia foi trazido ao Brasil pelos primeiros missionários que aqui aportaram, e teve larga difusão em nosso país, principalmente no interior e nas zonas de praia, onde o dia 13 de dezembro, a ela dedicada, é sagrado: não se pesca nem se caça. É cultuada ainda em muitas cidades do interior do Brasil. Em Minas Gerais, na cidade de Santa Luzia, a festa atraí romeiros de todo o Brasil.
São comuns, ainda hoje, as novenas e trezenas preparatórias a festa da santa, e antigamente o hasteamento de sua bandeira no terreiro das casas era acompanhado de cânticos e quadrinhas, como a seguinte:

Que bandeira é essa
Que se vai levantar?
É de Santa Luzia
Que vamos festejar!
No Rio de Janeiro a Festa de Santa Luzia é muito concorrida e a histórica igrejinha, no centro da cidade, vive horas de intenso movimento, com a afluência de devotos e curiosos, devido a interessante cerimônia religiosa, que ali se realiza. Durante a missa solene os membros da irmandade vestem roupas vermelhas, tendo no braço esquerdo, bordados em ouro, os olhos de Santa Luzia entre duas palmas, encimados por uma aureola ou resplendor.
Em Minas Gerais, na histórica cidade de Santa Luzia, a 25 quilômetros de Belo Horizonte, a festa da santa, em 13 de dezembro, atraí romeiros de todo o Brasil. A cidade fica cheia com dezenas de ônibus. Armam-se barracas dos dois lados das ruas que dão acesso à igreja de Santa Luzia (1701), em estilo barroco, ornamentada em ouro com pinturas de Athayde e obras de Aleijadinho. A festa dura uma semana com missas, orações, festejos e a tradicional procissão dos fiéis que percorrem a cidade com a imagem da santa. Nas casas, os moradores colocam uma bandeira vermelha com os dizeres: “Santa Luzia, rogai por nós”.
Na noite que precede o dia 13 dezembro, as pessoas acendem velas nas janelas das casas até o amanhecer do dia como forma de iluminar o caminho para a chegada da santa. Os fiéis assistem à missa do galo, à meia-noite, na igreja matriz que fica lotada e marca o início das festividades. Depois da missa, os festeiros e seus convidados participam de coquetel na Casa de Cultura seguindo pela madrugada. Durante a festa, pessoas da comunidade são homenageadas com medalha de ouro da santa que são entregue durante as missas da trezena. Cada ano um grupo de famílias da comunidade é escolhido para organizar a festa numa tradição de fé e devoção que se repete, de geração a geração, de pais para filhos, há mais de um século.
A devoção a santa siciliana tomou aspectos inconfundíveis no Brasil, devido a sua miscigenação com ritos fetichistas, transformando a bela jovem cristã em séria concorrente dos oftalmologistas. A medicina popular brasileira diz que, quando cai um argueiro na vista de alguém, o remédio fácil e pronto e recitar, esfregando a pálpebra:
Corre, corre, cavaleiro
Vai a porta de São Pedro
Dizer a Santa Luzia
Que me de uma pontinha de lenço
Para tirar esse argueiro.
Era também comum, quando um cisco incomodava os olhos, dizer-se: "Santa Luzia passou por aqui em seu cavalinho comendo capim" e esfregar-se as pálpebras. Afirmam os devotos que o cisco desaparece imediatamente. Existe ainda a medalha propiciatória denominada "Olhos de Santa Luzia", que constam de dois olhos unidos, simples ou cobertos de enfeites, fabricados de modesto latão ou em prata e mesmo em ouro, adornado com pedras preciosas. Estas medalhas tanto podem ser encontradas pendendo de valiosas correntes, como presas em toscos alfinetes nas camisas remendadas dos pobres devotos.
A crença no poder de um olhar, principalmente no "mau olhado", é universal e milenar. Desde tempos imemoriais, acredita-se que os olhos de determinada pessoa possam enfeitiçar ou fascinar o indivíduo olhado. A fim de defendê-los contra as forças invisíveis desse malefício, os gregos costumavam gravar e pintar olhos em objetos mais diversos, principalmente nas cerâmicas de uso caseiro. Na velha China, também o olho era usado como ornamento apotropéico (que afasta os malefícios), tornando-se a característica dos artífices da dinastia "Chou". Com o advento do cristianismo, a superstição, originaria talvez de eras pré-históricas, tomou um sentido mais elevado, o de devoção, concretizando-se nos "Olhos de Santa Luzia", a padroeira das moléstias da vista.
Tornou-se conhecida também antigamente, pela denominação de "Santa Luzia dos cinco olhos" a palmatória, que no tempo da escravidão servia para castigar os escravos rebeldes e ainda, no início do século XX, para aplicar "bolos" nos alunos indisciplinados. Os cinco olhos eram os orifícios na palma deste instrumento de castigo corporal. Afirmavam alguns estudantes que, enchendo um dos buracos com uma bolinha de cera, a "Santa Luzia" rachava infalivelmente. A palmatória só entrava em descanso no período das férias escolares (Vieira Fazenda, 1921).
A experiência de Santa Luzia é uma das mais usadas no nordeste e norte do Brasil para a previsão de chuva. No dia 12, ao anoitecer, expõe-se ao relento, alinhadas, seis pedrinhas de sal, que representam em ordem sucessiva, da esquerda para a direita, os seis meses vindouros, de Janeiro a junho. Ao alvorecer do dia 13, data votiva da santa, observa-se: se estão intactas pressagiam seca. Se a primeira apenas se dilui é certo a chuva em Janeiro; se a segunda, em fevereiro e assim por diante, mas se isso acontecer com a maioria delas é sinal de um inverno (período de chuvas) benfazejo (Cascudo, 1962).
Todas essas lembranças atestam o prestígio da santa, martirizada em Siracusa, uma das mais populares do Brasil, cujo nome - "Lucis Via" - isto é, o Caminho da luz, simboliza a luz espiritual que ilumina a alma de seus devotos.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
BREGUEZ, Sebastião Geraldo – Festa de Santa Luzia mostra fé e devoção de centenas de romeiros em Minas, Belo Horizonte, Merconews, jornal do Mercosul, 13 de dezembro 2004.
CASCUDO, Luiz da Câmara –Dicionário do Folclore Brasileiro, Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1962.
VIEIRA FAZENDA, José – Antiqualhas e memórias do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, T. 86, vol 140, Imprensa Oficial, 1921.


















SANTA LUZIA, CAPITAL BRASILEIRA DOS PRESÉPIOS

SANTA LUZIA, CAPITAL BRASILEIRA DOS PRESÉPIOS

Foto: Presépio de Zizi Carvalho 2016 (in memorian)

Os presépios de Santa Luzia existem há mais de 60 anos. São presépios que ocupam uma sala de estar de 40 m2 ou mais. São enormes e cada um é feito pela família com o material que encontram na natureza. As casas se abrem para receber as pessoas, o presépio se transforma em espaço de convivialidade social. 



Nenhuma cidade do Brasil reúne, com tanto vigor, no seio das famílias, a arte da confecção e visitação de dezenas de presépios no ciclo natalino. Isso anima o Natal da cidade de Santa Luzia, a 25 quilômetros de Belo Horizonte, em Minas Gerais. É um caloroso espetáculo familiar, mas também do público.

Todos os anos, no final de novembro, os artistas do presépio reúnem a família para preparar o seu presépio. Cada um usa um material diferente para expressar sua fé e devoção ao Menino Jesus. São dezenas de presépios que as famílias luzienses buscam mostrar para o público visitante. As casas são abertas a visitação de todos. Abrem um precioso espaço de convivialidade social. Vale a pena conferir.

Os presépios jã estão prontos para visitação este ano. As famílias já trabalharam dia e noite para confeccionar o mais espetáculo natalino de Santa Luzia. As casas estão abertas à visitação e um encontro familiar com a comunidade e turistas para festejar o Natal da Fraternidade do Cristo.

Organizar presépios nas festas de Natal é uma das tradições populares cultivadas em Minas Gerais com muita criatividade. Em Santa Luzia, a tradição empolga a comunidade e dezenas de presépios disputam a criatividade a atenção da população. A tradição foi herdada pelos avós portugueses que se mantém viva na memória da arte popular católica dos membros da comunidade.

Cada família faz questão de ter o seu presépio. Antigamente tudo começava no dia de Nossa Senhora da Conceição, 8 de dezembro. Das matas locais buscam-se musgos, galhos de arvores, folhas ervas em geral. Dos rios e ribeirões próximos, buscam-se as pedras e areia que ornamentam e enfeitam. Das lojas, os tecidos que ganham luzes, cores e brilho com as mãos criativas de cada artesã familiar. Ainda procura-se por pedras especiais em grutas rochas ou nas estradas montanhas do local.Tudo é diferente, cada presépio reflete não só a fé, mas a imaginação, a sensibilidade e a criatividade de cada grupo familiar.

As famílias já estão acostumadas à rotina do mês de dezembro. Fazer o mutirão familiar para montar o presépio. Tirar tudo da sala de estar: móveis, cristaleiras e mesas. Deixar o salão vazio para montar a manjedoura. Buscar as caixas com os enfeites natalinos que ficam guardados no porão da casa todo o ano. Abrir as caixas e retirar os enfeites: pastores, boizinhos, vacas, carneirinhos, anjos, vejas, lâmpadas coloridas.

Em cada casa, tudo é diferente. Cada presépio reflete a personalidade da família. Mas também a fé, a imaginação, a sensibilidade, a criatividade de cada grupo familiar. O que chama atenção em Santa Luzia é os presépios não são feitos só para a família: as casas se abrem para receber visitas e cada visita ganha um presentinho, uma lembrancinha da casa. Os presépios são um espaço de convivialidade social com membros da localidade e turistas religiosos que visitam a cidade para esta finalidade.












terça-feira, 6 de dezembro de 2016

FIDEL CASTRO, UM DOS FENOMENOS DO SÉCULO XX

Fidel Castro e Che Guevara


Este artigo tem o objetivo de relatar a importância de Fidel Castro e Revolução Cubana para a geração 1968, da qual faço parte. As figuras de Fidel e Che Guevara, suas ideias e até mesmo seu visual, como a barba, foram ícones e signos importantes para a juventude brasileira dos anos 1968.

O líder da Revolução que desafiou os Estados Unidos e sacudiu a América Latina foi enterrado neste domingo após uma semana de grandes homenagens. Os restos mortais de um dos protagonistas do último século, que governou com mão-de-ferro por quase 50 anos, já repousam no cemitério Santa Ifigênia, em Santiago de Cuba. A urna com as cinzas foi colocada dentro de uma pedra oval com uma placa de mármore verde-escura com a palavra "Fidel" inscrita em alto relevo. "Não houve discurso, foi muito sóbrio, só as cinzas foram enterradas ante a família, membros do governo e funcionários", disse à imprensa a número três do governo francês, a ministra do Meio Ambiente Segolene Royal, uma das convidadas estrangeiras. Ele foi enterrado ao lado do mausoléu de José Marti, líder independentista cubano. Assim, terminou uma semana de grandes tributos ao ex-guerrilheiro barbudo que montou um regime comunista a menos de 200 km dos Estados Unidos e foi implacável com os opositores.

Fidel Castro (Birán, 13 de agosto de 1926-Havana, 25 de novembro 2016) morreu, mas deixou saudades. Ele foi líder de uma revolução social e política que se transformou um dos principais mitos do século XX. Transformou a ilha de Cuba em um modelo de qualidade de vida, de alfabetização e educação, além de um sistema de saúde exemplar. Com a morte de Fidel, Cuba entrou para o Pós-Fidel e com várias incertezas sobre o seu futuro.

A Revolução Cubana foi um mito para muitas gerações de jovens dos anos pós 1960. Uma admiração sem igual dos ideais sociais, políticos e econômicos de de Fidel e Che Guevara tocaram a minha geração. Uma geração que viveu os anos rebeldes de 1968, com a Revolução Jovem, desafiando os valores, a moral e a ética da época. Jovens igual eu que devoravam os livros marxistas, inclusive, os livros de Che Guevara, que chegavam ao Brasil clandestinamente. O uso da barba e calças jeans foram adotados pelos jovens de minha geração. Uma forma de protesto que se institucionalizou como modelo visual. O ideal de Fidel e Che Guevara entusiasmou a geração 1968 no Brasil e no mundo. Muitos jovens partiram para a guerrilha para tentar fazer o mesmo aqui. Particularmente, não entrei para a guerrilha, mas participei intensamente do movimento estudantil, agitando a massa para lutar por transformações sociais.

De um simples movimento para derrubar um ditador, a Revolução Cubana se transformou em ideal para todos que desejam uma sociedade mais justa e saudável para todos. O movimento revolucionário cubano tinha objetivo de derrubar o ditador Batista. Fidel Castro e os revolucionários não eram marxistas e nem tinham apoio de Moscou. Só se alinharam com a União Soviética e o comunismo depois que os Estados Unidos negaram apoio aos revolucionários e começaram com represálias.

Mas o que transformou Cuba em um mito do século XX é o fato de que estávamos em plena Guerra Fria. O mundo se dividia, ideologicamente, em dois polos: países liderados pelos EUA e países liderados pela União Soviética.  A pequena ilha de Cuba, encostada nos EUA, foi uma pedra no nariz do país chefe do capitalismo. O grande país, o Estado com maior potencial militar do mundo, ficou impotente e sem ação diante do fenômeno Cuba. Tinham medo de atacar Cuba e serem alvo de misseis nucleares soviéticos. Tinham medo de uma guerra nuclear que poderia destruir bastante o planeta Terra e afetar a sobrevivência de todos os povos.

O episódio Cuba foi como a façanha de David: um pequeno vence o gigante Golias com uso da inteligência e sabedoria. Os EUA foram humilhados pela a ilha de Cuba e nunca engoliram isto. Talvez seja isto a razão do assassinato de Kennedy, em 1963. Porque ele não soube resolver isto com a força do maior país do mundo. O que deve ter afetado a ‘moral’ norte-americana em plena Guerra Fria.

Guerra Fria é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991), um conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência. É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta entre as duas superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear. A corrida armamentista pela construção de um grande arsenal de armas nucleares foi o objetivo central durante a primeira metade da Guerra Fria, estabilizando-se na década de 1960 até à década de 1970 e sendo reativada nos anos 1980 com o projeto do presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan chamado de "Guerra nas Estrelas".

Em 1961, uma força militar treinada e financiada pelo governo de John F. Kennedy, composta por exilados cubanos, tenta invadir o país através da baía dos Porcos. No ano seguinte, Cuba foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA) graças à influência dos Estados Unidos, só sendo readmitida 47 anos depois. No mesmo ano, o governo norte-americano impôs um embargo econômico que perdura até os dias de hoje. Os graves conflitos de interesse entre Cuba e Estados Unidos acabaram forçando a aproximação do governo cubano com a União Soviética.


Em 1962, Cuba permitiu a instalação, em seu território, de mísseis nucleares soviéticos. Kennedy reagiu duramente à estratégia militar soviética, considerando-a uma perigosa ameaça à segurança nacional americana. Ocorreu então o episódio que ficaria conhecido como crise dos mísseis cubanos. Numa verdadeira mobilização de guerra, os Estados Unidos impuseram um poderoso bloqueio naval à ilha de Cuba, forçando os soviéticos a desistirem dos planos de instalação dos mísseis no continente americano. A crise dos mísseis é reconhecida como um dos momentos mais dramáticos da Guerra Fria.


Após quase cinquenta e três anos de governo de Castro, Cuba exibe seus melhores êxitos no campo social, tendo conseguido eliminar o analfabetismo, implementar um sistema de saúde pública universal, diminuir significativamente as taxas de mortalidade infantil e reduzir o índice de desemprego. No campo político, no entanto, Cuba segue com um sistema de partido único, o Partido Comunista Cubano, apontado como um sistema ditatorial, apesar de que, no país, são realizados dois tipos de eleições, as parciais, a cada dois anos e meio, para eleger delegados, e as gerais, a cada cinco, para eleger os deputados nacionais e integrantes das assembleias provinciais. Até o final da década de 1960, todos os jornais de oposição haviam sido fechados, e toda informação foi posta sob rígido controle estatal, o que se segue até os dias de hoje. Num único ano, cerca de 20 mil dissidentes políticos foram presos. Estimativas indicam que cerca de 15 a 17 mil cubanos tenham sido executados durante o regime. Homossexuais, religiosos, e outros grupos foram mandados para campos de trabalhos forçados, onde foram submetidos a "re-educação" segundo o que o Estado considera correto.


Apesar do sucesso nas áreas de saúde, igualdade social, educação e pesquisa científica, houve fracasso no campo das liberdades individuais, além disso, o governo de Castro também foi um fracasso no campo econômico. Não conseguiu diversificar a agricultura do país e tampouco estimular a industrialização. A economia segue dependente da exportação de açúcar e de fumo. Às deficiências do regime, soma-se o embargo imposto pelos Estados Unidos, que utilizam sua influência política para impedir que países e empresas mantenham negócios com Cuba.

Enfim, o que importa para a juventude 1968, é que o ideal de Fidel/Che Guevara nutriu e alimentou a vontade de transformar o Brasil em país de justiça social, de menos desigualdades sociais e melhor qualidade de vida para todos. Este ideal prevalece até hoje. Como um socialismo utópico.






domingo, 4 de dezembro de 2016

ONG DE JORNALISMO TEM REPRESENTAÇÃO NO BRASIL

ONG DE JORNALISMO TEM REPRESENTAÇÃO NO BRASIL



O jornalista Sebastião Breguez foi reeleito diretor da Secção Brasil/Mercosul da FLIP hoje em assembleia da entidade em Roma.Itália. Sebastião Breguez, jornalista e professor, trabalhou como correspondente do JORNAL DO BRASIL na FRANÇA, trabalhou nas RFI-Rádio France International, em Paris, e na Rádio Nederland, em Hilversum, Holanda. Viajou o mundo inteiro fazendo reportagens para o Brasil. Atualmente está tentando criar uma agencia de notícias do MERCOSUL em Montevidéu, Uruguai. Tem vários livros publicados na área de comunicação.

Breguez começou no jornalismo aos 15 anos de idade em Governador Valadares editando jornais estudantis. Um ano depois foi para o DIÁRIO DO RIO DOCE como editor. Ocupou, desde então, inúmeros cargos na imprensa mineira - de repórter à editor -  em jornais como ESTADO DE MINAS, FOLHA DE SÃO PAULO, GAZETA MERCANTIL, ISTOÉ, entre outros.

A FLIP-Free Lance International Press atua com produção e comercialização de material jornalístico (reportagens, textos e fotos, vídeos etc) para jornais, revistas e TVs. Tem sede em Roma, Itália e tem representantes em todos os países da Europa e outros continentes. 

O jornalismo free lance hoje se constitui em importante área de atuação. É um trabalho remunerado, mas sem vínculo empregatício.  Por isto, precisa ser valorizado e respeitado. A missão da FLIP é no sentido de assegurar ao jornalismo free lance as condições legais para sua existência, dando a ele a representatividade institucional e jurídica. 

Com a crise econômica e o desemprego crescente em todo os países do mundo, centenas
 e centenas de jornalistas foram demitidos. Mas continuaram sua atividade profissional como free lance. Assim, a FLIP luta e assegura  seus direitos de exercício da profissional. Também a profissão de jornalista está passando por uma estruturação em função das novas tecnologias de comunicação e informação. O que requer, muitas vezes, uma reciclagem com novos aprendizados na área e atualização constante de conhecimentos de informática. Novas descobertas científicas e tecnológicas chegam a todo instante e mudar o perfil da profissão. 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

LANÇAMENTO LIVRO 'SAGRADO E PROFANO'

LANÇAMENTO DO LIVRO SAGRADO PROFANO

A ALUZ-Academia Luziense de Letras e Artes de Santa Luzia (MG) convida para o lançamento do livro SAGRADO E PROFANO, uma coletânea de escritores de Santa Luzia, no dia 17 de dezembro 2016, às 18hs, no auditório do SESI/SENAI de Santa Luzia, Rua Benedito Freire da Paz, 197, Bairro Boa Esperança. . Entre os autores está o escritor e jornalista Sebastião Breguez. A coletânea foi organizada pelo escritor Antonio Galvão e sai com selo da Editora Poesia e Afeto, de Belo Horizonte. O valor promocional do livro no lançamento é de R$25,00.  Depois do lançamento, o valor passa para R$30,00.


SERVIÇO 

Sagrado e Profano, Coletânea de Escritores de Santa Luzia, MG
Organizador: Poeta Antônio Galvão
Editora Poesia e Afeto
Valor: R$25,00







TRUMP E NOVA ORDEM MUNDIAL


RELAÇÕES INTERNACIONAIS 2017

TRUMP E O DESENHO DE UMA NOVA ORDEM MUNDIAL



Crise econômica, desemprego, falência de empresas, queda excessiva nas vendas nacionais e internacionais, migração, terrorismo. Todos estes fatores juntos estão contribuindo para a criação de uma Nova Ordem Mundial. Voltam à cena nacionalismo, protecionismo, isolacionismo e um rígido controle de imigração.

O Brexit, a vitória de Trump e aumento de movimentos de extrema direita na Europa, como Jean-Marie Le Pen na França, representam, o fim da globalização, tal como a conhecemos desde os anos 1990. A globalização ou mundialização foi um processo de integração econômica, social e política do mundo. Foi impulsionada pela comunicação e redução de custos dos meios de transporte. Além disto, os desafios ambientais, como as mudanças climáticas, poluição do ar e excesso de pesca no oceano, estão ligadas à globalização.

A globalização foi uma expansão muito forte na livre circulação de produtos e mão-de-obra. Um processo que se iniciou nos Estados Unidos de Reagan e no Reino Unido de Thatcher e, por isto mesmo, se rompe nestes dois polos do poder econômico, político e militar.

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É como se as potências tivessem se cansado de seus imigrantes. Passaram a ver neles obstáculos à sua retomada econômica.

Acrescente-se aí a questão do terrorismo. Nestes dias de hoje, imigrantes se tornaram suspeitos preferenciais de terror, seja nos Estados Unidos, seja no Reino Unido.

São, por tudo isso, amplamente indesejáveis.

Tudo isso resultou em Trump, nos Estados Unidos, e no Brexit, na Inglaterra.

Ainda é cedo para falar nas consequências para o Brasil. Uma queda brusca nas exportações, que tanto contribuíram para o crescimento do país nas últimas décadas, é previsível.

Uma nova Ordem Mundial está se formando. Na nova ordem, voltaremos presumivelmente à condição de coadjuvantes que sempre nos coube — excetuados aí os anos de Lula, em que a voz do Brasil foi ouvida como nunca antes.

O certo é que o sonho de um mundo globalizado, quase fraternal, ruiu espetacularmente com a vitória de Trump.

Após o Brexit, a vitória do republicano Donald Trump nos Estados Unidos, a maior economia mundial, é uma nova mensagem dos “esquecidos da globalização” as suas elites contra os controversos acordos de livre comércio.


“A economia mundial atravessa dificuldades e os que sofrem por isso têm a impressão de que a globalização é a responsável”, reagiu o economista japonês Seiji Katsurahata após a vitória de Trump, que seduziu os eleitores americanos com um discurso virulento contra o livre comércio.


“Os ideais da globalização se apagaram com o enfraquecimento da economia mundial” após a crise de 2008, acrescentou à AFP este especialista do Dai-ichi Life Research Institute.


“O sentimento geral, sobretudo o das classes populares, é que fazem com que elas paguem o preço da globalização”, explicou há pouco tempo o economista francês Thomas Pikkety à AFP.


Uma opinião pública que se sentiu cada vez mais vulnerável diante de acordos negociados na sombra. “Há uma percepção muito clara, e penso que é verdadeira, de que estes acordos comerciais são concebidos para os interesses dos grandes grupos”, explicou o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, durante uma visita recente a Paris.


E estas pessoas, cansadas dos fechamentos de fábricas, de seus problemas financeiros, e irritadas com os discursos dos líderes políticos e econômicos sobre a necessidade de liberalizar cada vez mais o comércio, querem que as coisas mudem.

Para surpresa das elites, o Brexit ganhou em junho e, em novembro, Donald Trump foi eleito presidente.


O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou em sua reunião de outubro sobre a necessidade de integrar “todos o mundo, e não apenas alguns” na globalização.


Durante a última cúpula do G20, em setembro, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que os chefes de Estado dos países mais poderosos do mundo estavam determinados a “responder às críticas populistas e fáceis contra a globalização”.


Mas sua mensagem não surtiu efeito. A rival de Trump, a democrata Hillary Clinton, também tentou aproveitar a onda de descontentamento durante sua campanha, dando uma guinada de 180 graus depois de ter apoiado em 2012 a controversa Associação Transpacífica (TPP).


Acordos de livre comércio prejudicados


A vitória de Trump ocorre num momento em que os acordos comerciais estão em perigo. A França pediu para suspender as negociações sobre o Tratado Transatlântico de Livre Comércio (TTIP ou Tafta) entre a União Europeia e os Estados Unidos.


E o acordo assinado entre Canadá e UE (CETA) precisou ser validado após uma forte pressão dos líderes europeus para que a Valônia, a região francófona da Bélgica, assinasse o texto ao qual se opunha.


A alguns meses de eleições cruciais na França e na Alemanha, Paris enviou na terça-feira uma série de propostas a Bruxelas para que as negociações destes acordos sejam mais democráticas e transparentes.


“Não haverá futuro europeu se não houver uma democracia extremamente forte”, avisou o secretário de Estado francês, Matthias Fekl, que lembrou que “a Europa está ameaçada por tentações e tendências muito perigosas em seu seio”, em referência ao avanço dos partidos populistas.


Após a vitória de Trump, os mercados aguardam suas primeiras medidas. “Prevemos que Trump começará a designar a China como uma manipuladora de divisas e que apresentará muitas denúncias contra a OMC”, disse Paul Ashworth, o chefe economista do instituto Capital Economics.


“Também insistirá para renegociar o Alena (acordo de livre comércio da América do Norte)”, que entrou em vigor há mais de 20 anos sob a presidência de Bill Clinton e inclui México, Canadá e Estados Unidos.


O diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevedo, reagiu rapidamente e se declarou “disposto” a trabalhar com Trump.


“Está claro que muitos pensam que o comércio não funciona para eles, devemos nos preocupar com isso e assegurar que o comércio aporte o maior número de benefícios ao maior número de pessoas”, afirmou.








sexta-feira, 23 de setembro de 2016

ABRAHAN MOLES E SUAS IDÉIAS COMUNICACIONAIS

ABRAHAN MOLES E SUAS IDÉIAS COMUNICACIONAIS 
UMA BREVE BIOGRAFIA DE ABRAHAM ANDRE MOLES
(Paris,1920-Estrasburgo, 1992)


 
 
POR SEBASTIÃO BREGUEZ
Ex-aluno de Moles no Instituto de Comunicação de Estrasburgo, França

Estudei com o professor Abraham Moles, no Instituto de Comunicação da Universidade  de Estrasburgo, na Alsácia, França no período de 1980-1983.  Já conhecia suas teorias na área de Comunicação Cultural. Seus livros tinham sido traduzidos no Brasil pela Editora Perspectiva, de São Paulo. Fui amigo pessoal dele e sua sua esposa, a jornalista Elizabeth Rohmer e frequentava sua casa. Fiz mestrado (com a tese sobre Comunicação e Animação Cultural) e doutorado (com a tese Ensaios sobre a Teoria dos Microacontecimentos).
 
Abraham André Moles era doutor em Filosofia e em Física ficou conhecido mundialmente ao criar a Teoria Informacional da Percepção nos anos 1950. Mais tarde foca suas pesquisas nas questões entre a cultura de massa e a comunicação. No final de sua vida cria a Micropsicologia e procura direcionar seus estudos para a teoria dos atos e a vida cotidiana. Sua antiga residência, em Estrasburgo, na Alsácia, França Germânica, hoje abriga a Associação Internacional de Micropsicologia, que é dirigida por sua esposa Elizabeth Rohmer. Antes de falecer, em 1992, estava preparando um livro sobre A Comunicação Através de Redes e Cabos. Seu último livro publicado foi sobre A TEORIA ESTRUTURAL DA COMUNICAÇÃO. 

 Foi o primeiro a aplicar a cibernética aos saberes humanos e sociais, tendo lecionado sobre o assunto na Hochschule jür Gestaltung de Ulm e em várias universidades americanas e alemãs. Autor de mais de 200 publicações científicas e livros. Entre eles: Struture Physique du Signal Musical et Phonétique, (1952), sua tese para a Sorbonne, onde se diplomou, Physique et Technique du Bruit, (1952), La Création Scientifique, (1957), Théorie de 1'nformation et Perception Esthétique, (1958), Communications et Langages, (1963), em colaboração com Bernard Vallancient), e Sociodynamique de la Culture, (1967). Entre os últimos L’Image Communication Fonctionnelle (1981), Théorie Structurale de la Communication et Societé (1995), Théorie des Actes (1985), Psychologie de l’espace (1998).

Dirigiu um grupo de Metodologia Prospectiva na École d'Organisation Scientifique du Travail e foi Diretor do Instituto de Psicologia Social das Comunicações da Universidade de Estrasburgo. Nas suas várias obras, Moles procura pesquisar quais são as condições de existência do homem em relação ao saber e à sociedade. Daí sua preocupação com a teoria dos objetos, da qual é um dos grandes impulsionadores. A influencia de femenologia (cuja base é Husserl) é notável e dá novas dimensões à sua aplicação da cibernética aos saberes humanos.
 
Moles procura tomar consciência do papel do artista e do intelectual na sociedade contemporânea. Afirma a necessidade dos indivíduos dilatarem sua esfera pessoal com objetos e atos que pertençam à esfera do outro, da natureza e da sociedade. Para isto se deve dar em troca o seu trabalho ou sua criação (enquanto o homem econômico do século passado procurava obter o máximo possível de seu semelhante em troca do mínimo possível de si mesmo). Em nossa época, trata-se do consumidor. Então, o homem contemporâneo procura-se um novo domínio de valores: a beleza. A sociedade de consumo banaliza as obras de arte: um monumento fotografado perde a unicidade e a aura (influencia de Walter Benjamin).
 
Se o artista não se quiser trair: lº — tem que criar "novas artes" ao invés de fazer "novas obras" em artes já existentes: é a metacriação; 2º — pode fazer obras para si próprio (a "Estética dos deuses" de que tanto fala Max Bense); 3º — tem que criar programas cibernéticos que possam estender bastante sua capacidade de realização (como em certas modalidade do chamado "poema concreto") .
 
Entende ainda Moles que sob a influência do bem-estar as velhas estruturas de classe social, baseadas no acesso à riqueza, dissolvem-se progressivamente. E que o intelectual consegue sobreviver nesta nova estrutura isolando-se num gueto. Suas criações são "traduzidas" numa linguagem mais acessível ao consumo pelo terceiro homem, que fará a "ópera para quem não gosta de ópera" ou a quadrinização dos clássicos. Posto diante da sociedade dominada pelos tecnocratas só há criação para o intelectual quando ele se opuser a isto.
 
Só que o intelectual também quer ter acesso às conquistas materiais desta civilização para a qual contribui com sua negatividade ("Es ist nicht só, es ist ganz anders") . A solução de Moles é que se deve "procurar nos interstícios dos blocos da lei e encontrar nestes labirintos uma fonte de liberdade". Para isto será necessário uma criatividade (Moreno), um estilo de vida no cotidiano (Lefèbvre) e uma força revolucionária (Nietzsche).
 
Já na perspectiva de uma teoria da cultura , Moles afirma a possibilidade de uma ciência experimental sobre o homem, pois todo indivíduo humano pode ter seu comportamento quase plenamente determinado pela soma de 1) um capital hereditário edificando a estrutura geral de seu programa; 2) os acontecimentos de sua história pessoal, inscritos por seus reflexos condicionados e por sua memória neste organismo e definindo sua "personalidade" (cultura pessoal); 3) seu meio atual ao qual este organismo reage" . Se se conhecem os fatores acima "todas as modalidades do comportamento presente e futuro deste indivíduo podem ser enunciados com a mesma exatidão da descrição de um sistema físico-químico".
 
Daí a noção de uma sociedade fechada: "Mostramos que a cada canal da cultura, escrita ou falada, pintura, cinema ou música, textos impressos, publicações científicas, correspondia um circuito diferente com caracteres diferentes: em participar o atraso da reação do meio sobre os indivíduos que aí estão imersos e a intensidade desta reação são, em cada caso, elementos característicos do circuito particular encarado. Á sociedade em seu conjunto nos oferece, então, uma imensa rede de circuitos culturais, todos diferentes e entrelaçados, mas observando, contudo, algumas leis gerais que pusemos em evidência nas conclusões.
 
Desta noção fundamental de um ciclo de reação entre produtor e consumidor da cultura, que faz a última se assemelhar a uma dessas mercadorias que são ob-jeto da economia política, salientam-se regras de ação que deveriam permitir agir sobre as constantes características deste ciclo e, através disto, agir sobre a própria cultura de um conjunto social considerado como um sistema mais ou menos fechado. Esta ação possível é fundamental no devir humano na medida mesmo em que o homem está integrado em sua cultura" .

Sociedade fechada e criação estão em processo de reação dialética. Esta seria a tese fundamental da obra de Moles em relação à teoria da cultura.


BIBLIOGRAFIA DE ABRAHAM MOLES

Physique et technique du bruit, Paris, Dunod, 1952
La Création scientifique, Genève, Kister, 1957
Musiques expérimentales, Zurich, Cercle d'art, 1961
Communications et langages, (en collaboration avec B. Vallancien), Paris, Gauthier-Villars, 1963
Phonétique et phonation, (en collaboration avec B. Vallancien) Paris, Masson, 1966
L'affiche dans la société urbaine, Paris, Dunod, 1969
Créativité et méthodes d'innovation, Paris, Fayard, 1970
Arte e computador (1990), Portugal: Ed. Afrontamento, Coleção Grande Angular 3 / Art et ordinateur, Paris, Casterman, 1971
Teoria dos objetos (1981), Rio de Janeiro: Ed. Tempo Brasileiro, Coleção Biblioteca do Tempo Universitário / Théorie des objets, Paris, Ed. Universitaires, 1972
Psychologie de l'espace, (En collaboration avec Élisabeth Rohmer), Paris, Casterman, 1972
Teoria da informação e percepção estética (1978), Rio de Janeiro: Ed. Tempo Brasileiro, Coleção Biblioteca Tempo Universitário; Brasília, Ed. UNB / Théorie de l'information et perception esthétique, Paris, Denoël, 1973
Sociodinâmica da cultura, Ed. Perspetciva, Coleção Estudos, volume 15 / Sociodynamique de la culture, Paris, Mouton, 1973
La Communication, Paris, Marabout, 1973
Micropsychologie et vie quotidienne, (En collaboration avec Élisabeth Rohmer), Paris, Denoël, 1976
O kitsch (1998), Ed. Perspectiva, Coleção Debates, volume 68, Tradução Sergio Miceli / Psychologie du kitsch, Paris, Ed. Denoël, 1977
Théorie des actes, (En collaboration avec Élisabeth Rohmer), Paris, Casterman, 1977
L'image, communication fonctionnelle, Paris, Casterman, 1981
Labyrinthes du vécu, Paris, Klincksieck, 1982
Théorie structurale de la communication et société, Paris, Masson, 1986
As ciências do impreciso (1995), Ed. Civilização Brasileira / Les sciences de l'imprécis, (En collaboration avec Élisabeth Rohmer), Paris, Ed. Seuil, 1990
Psychosociologie de l'espace, (En collaboration avec Élisabeth Rohmer), textes rassemblés, mis en forme et présentés par Victor Schwach, Paris, L'Harmattan, 1998